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Produtividade de cana é até 40% maior em MG

“Nós estamos instalando a usina em Borá, uma das menores cidades de São Paulo. Lá, eles colaram cinco retroescavadeiras para abrir as estradas necessárias para viabilizar o projeto. Aqui em Alagoas, são as prefeituras que pedem máquinas as usinas”. O exemplo é do empresário Jorge Toledo. Ele lidera a implantação da mais nova unidade Grupo Toledo, que tem três usinas em Alagoas (Capricho, Sumaúma e Paisa), em São Paulo, e usou a comparação para demonstrar a diferença de ambiente para se produzir em Alagoas e em outros estados.

“São Paulo é o maior Estado do País, líder em todos os segmentos. Produz mais de 50% da cana-de-açúcar do Brasil. E ainda assim oferece um programa de incentivos e de apoio a qualquer investimento, inclusive no setor sucroalcooleiro. Enquanto em Alagoas usineiro é visto com desconfiança, em São Paulo é bem recebido não só por prefeitos e vereadores das cidades beneficiadas, mas também por deputados, secretários e até pelo governador. Lá eles valorizam o usineiro como um empresário, um investidor que gera emprego e renda”, desaba.

Toledo foi presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool em Alagoas (Sindaçúcar/AL) por mais de dez anos. Não conseguiu estabelecer aqui um ambiente propício à atividade nem mesmo quando foi secretário de Estado (do Planejamento, em 1995).

“O tratamento é diferente. Em São Paulo, o ICMS do álcool é 12%. Sabe quanto é aqui: 25%. E o açúcar que paga 17% em Alagoas, lá a alíquota é de cesta básica: 7%. E não é só isso. É mais fácil fazer tudo, até mesmo operações com bancos”, resume.

Outro fator positivo, segundo Toledo, é a organização do setor. “Hoje, o setor sucroalcooleiro paulista tem força não só em São Paulo, mas no Brasil. As empresas estão organizadas e são ouvidas pelo governo. Isso cria condições de discutir políticas com os governos municipal, estadual e federal”, diz.

O desafio de produzir em São Paulo, considerado o centro mundial da cana-de-açúcar, não assusta Jorge Toledo. “Tem um mercado mais disputado, por um lado, mas boas condições para disputar esse mercado por outro. Sempre acreditei que era necessário expandir a atividade para outros estados, por falta de áreas em Alagoas, mas nunca estudei outra possibilidade fora São Paulo”, resume.

Incentivo mineiro

O agrônomo Jivago Tenório, diretor agrícola da Usina Triunfo, interrompe o almoço por alguns minutos para fazer um cálculo rápido sobre a diferença de produtividade da cana-de-açúcar de Alagoas para Minas Gerais.

“Em média, calcula, um hectare de cana em Alagoas produz 7,6 toneladas de açúcar. Em Minas Gerais, a produção de um hectare de cana é de 11,6 toneladas de açúcar”, resume.

E apesar das diferenças de produtividade, de 30% a 40%, os custos de implantação de um hectare de cana são considerados praticamente os mesmos de um Estado para outro. As vantagens não. “Outra diferença importante é a longevidade dos canaviais. Em Alagoas, é no máximo de quatro a cinco folhas. Em Minas, de seis a sete folhas. Isso quer dizer que vamos demorar mais a renovar os canaviais”, diz.

Jivago, hoje, lidera um dos líderes do projeto de fundação da Usina Santa Juliana, em Minas Gerais. “Este ano vamos plantar cinco mil hectares de cana”, anuncia.

Além das diferenças de clima e solo – consideradas por ele as melhores do mundo para a cana-de-açúcar, “o Brasil é um país de vocação canavieira” – Jivago diz que o governo de Minas Gerais ainda oferece incentivo fiscal. Parte do ICMS é reinvestido em projetos nas usinas. “O ambiente é favorável à atividade”, resume.

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