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Produção de isobutanol amplia sustentabilidade do setor sucroenergético

Em alguns anos, o isobutanol, usado como biocombustível ou matéria-prima na indústria de solventes, poderá ser fabricado a partir do aproveitamento do dióxido de carbônico (CO2) gerado na fermentação do caldo da cana, o que vai reduzir ainda mais e até eliminar a emissão desse gás nas unidades sucroenergéticas brasileiras.

Pesquisas envolvendo a reutilização do CO2 nas usinas estão em fase avançada no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), nos Estados Unidos, com resultados promissores segundo o consultor de Emissões e Tecnologia da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Alfred Szwarc.

“Os estudos no MIT, dos quais participam duas cientistas brasileiras, indicam potencialidades fantásticas no campo da biotecnologia. A possibilidade de obter isobutanol do CO2, um dos vilões do aquecimento global, reforçaria a sustentabilidade da indústria da cana-de-açúcar,” avalia Szwarc.

Há dois anos trabalhando nos laboratórios do MIT, a pesquisadora Cláudia Gai, de 33 anos, também enxerga a vantagem ambiental proporcionada pelo isobutanol como diferencial a ser mais explorado pela indústria automotiva. “Um dos motivos para estudar o isobutanol é que ele é compatível com a gasolina, e pode ser usado em automóveis. Temos que achar outras opções do que só queimar carvão, gasolina e petróleo,” afirmou a engenheira agrônoma formada pela Universidade de São Paulo (USP) em entrevista publicada no portal G1 no dia 22/09. Segundo Gai, um projeto-piloto para produção do isobutanol em maior escala deverá estar pronto no início de 2014.

A estudante da Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL-MG), Amanda Bernardi, de 22 anos, que também integra a equipe de pesquisadores do MIT, demonstra ainda mais entusiasmo pelo tema. “É um projeto fantástico. Isso motiva a gente, me atrai muito. A meu ver pode revolucionar toda a parte de combustíveis,” enfatizou a bolsista do programa Ciência sem Fronteiras, criado pelo Governo Federal para promover o intercâmbio de alunos brasileiros em universidades estrangeiras.

Para produzir o isobutanol, a equipe do MIT manipulou o DNA da bactéria Ralstonia Eutropha, nornalmente encontrada no solo. Alterando os genes e reduzindo a quantidade de nutrientes absorvidos pelo micro-organismo, os pesquisadores conseguiram fazer com que a bactéria absorvesse o CO2 e o transformasse em biocombustível. O isobutanol tem densidade energética superior à do etanol de primeira geração, sendo quase tão eficiente quando usado como combustível automotivo quanto a gasolina.

Em 2010, um tipo diferente de isobutanol, desta vez produzido pela British Petroleum (BP) em parceria com a DuPont a partir da biomassa da cana, foi testado pela equipe da montadora japonesa Mazda em todas as etapas da American Le Mans Series (ALMS), competição automobilística que promove o uso de energias renováveis em corridas realizadas nos EUA e Canadá.

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