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Produção de cana cresce em ritmo menor com menos renovações

A produção de cana-de-açúcar no centro sul do Brasil crescerá em um ritmo menor na safra 2014/15, devido a menos investimentos na renovação dos canaviais ao longo do último ano, afirmou um especialista nesta quarta-feira.

Nas últimas duas temporadas, o crescimento anual da moagem de cana da principal região produtora do Brasil foi de 7 por cento e de 12 por cento, mas em 14/15 o aumento esperado na safra é de somente 3 por cento, para 618 milhões de toneladas, na medida em que os preços baixos do açúcar no mercado internacional desestimularam investimentos, disse o analista da Safras & Mercado Maurício Lima Muruci.

“É questão de rentabilidade… os preços do açúcar em Nova York estão em queda desde 2011, temos três anos de queda no mercado, isso tira a motivação para investir, esse é o motivo central”, afirmou ele, em entrevista à Reuters.

Os preços do açúcar em Nova York caíram abaixo do patamar psicológico de 15 centavos de dólar por libra-peso nesta quarta-feira, com os seguidos excedentes globais no mundo pesando sobre os futuros.

O crescimento esperado para 14/15 na moagem no centro-sul –cuja colheita começa oficialmente em 1o de abril–, ainda que pequeno, é fruto dos investimentos feitos em anos anteriores nos canaviais, muitos deles com apoio do governo, que permitirão ganhos de produtividade.

No primeiro ano de corte, a cana pode render o dobro de uma lavoura de seis anos, quando é aconselhada a renovação do canavial; o rendimento no campo vai caindo à medida que a plantação envelhece.

Segundo Muruci, a produção de açúcar ainda crescerá no centro-sul em 14/15, mas apenas porque a commodity tradicionalmente tem rentabilidade maior que o etanol.

“Mesmo com preços em queda, as usinas acabam produzindo açúcar a contragosto… o açúcar tem um nível de aproveitamento de ATR (Açúcar Total Recuperável da cana) bem maior que o etanol”, disse.

Segundo a Safras, a média da rentabilidade do açúcar, desde janeiro de 2008, é 42 por cento acima do etanol. Recentemente, o índice ficou entre 8 e 9 por cento.

Dessa forma, a produção de açúcar deve crescer 2,9 por cento em 14/15, para 35 milhões de toneladas no centro-sul, que responde por cerca de 90 por cento da safra nacional.

A cotação do dólar mais forte no Brasil limita as perdas em reais do açúcar, mas, lembrou o analista, na hora de investir muitas vezes a usina têm gastos na moeda norte-americana, o que acaba apagando o ganho cambial na venda do açúcar.

Etanol

Já a produção de etanol do centro-sul deve crescer 8,75 por cento, para 28 bilhões de litros, uma vez que no caso do biocombustível há garantia de demanda interna –no acumulado da safra passada, até dezembro, as vendas de etanol cresceram mais de 15 por cento.

“O etanol tem demanda garantida em volume, mas o preço do etanol também é problemático, tem a questão da paridade com a gasolina, o etanol pode custar até 70 por cento, e os preços da gasolina são administrados”, disse ele, ressaltando que o “nível de pessimismo da classe empresarial do setor é extremamente alto”.

Para o consumidor brasileiro, não vale a pena abastecer o carro com etanol se a relação de preço com a gasolina estiver acima de 70 por cento, uma vez que o combustível fóssil rende mais do que o renovável.

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