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Produção de biodiesel deve dobrar com cana e glicerina

A produção nacional de biodiesel deve dobrar nos próximos dois anos com a implementação de novas usinas e em função do aumento da demanda do biocombustível e de seus subprodutos. Para elevar a produção, mais de 50 usinas estão em fase de implementação. Hoje, o setor conta com 31 unidades em operação. A obrigatoriedade de adição ao diesel, o aumento do índice de mecanização nos canaviais e a demanda garantida para a glicerina – subproduto das usinas no processo de fabricação do biodiesel – vão absorver boa parte da oferta nos próximos anos.

Isso tudo sem contar as possibilidades de se exportar biocombustível a países que pretendem reduzir o consumo de derivados de petróleo, como Europa, Japão e Estados Unidos. De acordo com a legislação em vigor, a partir de janeiro de 2008, todo o diesel comercializado no País deverá conter 2% de biodiesel. Esse mercado demandará mais de 1 bilhão de litros por ano.

Com isso, independentemente do preço do petróleo – matéria-prima do diesel – os produtores terão demanda garantida, segundo José Vicente Ferraz, diretor executivo da Consultoria Agra FNP.

A legislação prevê ainda que o percentual de mistura no diesel deve ser elevado para 5% até 2013, quando serão necessários cerca de 5 bilhões de litros de biodiesel. De olho no potencial desse mercado, a Indústria Brasil Sul está construindo uma unidade no Paraná com capacidade para produzir 100 milhões de litros ao ano, a partir da soja, girassol, nabo forrageiro e sebo bovino.

Glicerina

Além do biodiesel, a Brasil Sul pretende comercializar a glicerina, subproduto do biodiesel que até há pouco tempo era um problema residual para o setor. Para a empresa, a venda de glicerina representa entre 10% e 15% da receita. Mas o setor estima que essa participação possa chegar a 30% do faturamento.

“Os co-produtos, como a glicerina, são imprenscindíveis para a viabilizar o negócio”, afirma Carlos Freitas, sócio da Brasil Sul.

Segundo o executivo, os novos usos da glicerina dão um novo rumo ao produto. Freitas informou que empresas como DuPont e Basf têm interesse no subproduto para fabricação de fibras têxteis, como o náilon.

Além do uso industrial, também pode ser utilizada na agropecuária. Na pecuária, o produto substitui a água para aplicação de defensivos em bovinos.

“A prática atende as exigências dos importadores pela carne orgânica, pois a glicerina é um agente biodegradável.” Segundo Freitas, o Frigorífico Bertin já utiliza o produto em seu rebanho.

Na agricultura, a glicerina pode substituir o óleo de algodão utilizado na pulverização de lavouras, que tem um custo mais elevado.

Atualmente, o setor produz cerca de 500 milhões de litros de glicerina, comercializada, em média, a R$ 300 a tonelada. Entretanto, seu valor pode chegar a R$ 2,2 mil por tonelada. Para tanto, ela precisa ser bidestilada, ou seja, as usinas de biodiesel, precisam ter uma planta industrial para realizar o processo, que deixa o produto pronto para o uso na indústria farmacêutica.

Outra empresa que aposta na glicerina é a Bioverde, que no próximo ano atingirá sua capacidade plena e produzirá 85 milhões de litros de biodiesel e 7,5 milhões de litros de glicerina.

Hoje, com uma produção em torno de 75 mil litros ao ano, a Bioverde estoca a glicerina em busca de oportunidades de negócios.

“Quando a produção de biodiesel atingir a capacidade plena da unidade, vamos pensar na construção de uma planta bidestiladora para agregar valor ao produto”, afirma José Pereira Junior, coordenador de negócios da Usina Bioverde.

Mecanização dos canaviais

Uma outra oportunidade de negócios para elevar a demanda de biodiesel é o aumento do índice de mecanização dos canaviais. Para tanto, as usinas estão investindo em colheitadeiras e caminhões que demandarão um grande volume de diesel. Hoje, para se colher uma tonelada de cana são utilizados 2,5 litros de diesel. Em 2008, quando a adição de biodiesel será obrigatória, a demanda pelo produto, somente para o setor sucroalcooleiro, será superior a 375 mil litros. A Açúcar Guarani já fechou um acordo com a Shell que fornecerá biodiesel para sua frota de caminhões e colheitadeiras de cana.

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