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Produção canavieira busca mais espaço

Há no setor sucroalcooleiro uma data: 2010. As projeções sobre o tamanho da agroindústria canavieira até lá são mais do que otimistas. À demanda atual por álcool combustível e por açúcar, se somarão mais 10 bilhões de litros de álcool e 7 milhões de toneladas de açúcar. Para tanto, às 400 milhões de toneladas de cana que serão moídas no Brasil até o final do ano-safra 2005/2006 terão de ser agregadas mais 180 milhões de toneladas.

Matéria-prima que virá de novos 2,5 milhões de hectares no País. São glebas e glebas convertidas em canaviais depois de servirem à pecuária ou à citricultura. Podem ser também da fração dos 90 milhões de hectares agriculturáveis que estão disponíveis no Brasil, segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). O Estado de São Paulo, que deu o pontapé à agroindústria canavieira há 30 anos, deve responder por boa parte destes números.

O município de Araçatuba, no Noroeste paulista, está se transformando no principal novo pólo de investimento do setor sucroalcooleiro. Numa comparação ligeira, pode se dizer que Araçatuba será tão importante quanto Ribeirão Preto no cenário sucroalcooleiro nacional, diz o consultor Plínio Nastari, da Datagro. Para se ter idéia da corrida dos usineiros para Araçatuba, a maioria dos 28 novos projetos de usinas de São Paulo fica no entorno da cidade, ou em municípios também do Noroeste, como São José do Rio Preto e Fernandópolis.

Conhecida como um dos principais pontos de pecuária de corte do Brasil, seu rebanho de cerca de 600 mil cabeças de gado pôs Araçatuba no cenário do agronegócio nacional. Mas a tendência é de que mais usinas que frigoríficos sejam instaladas na região a partir de agora. Não existe boi barato em terra cara, diz José Vicente Ferraz, analista do Instituto FNP. Com a queda da rentabilidade da pecuária nos últimos anos e com o aumento dos ganhos gerados pelo açúcar e o álcool, estas áreas de pastagens devem se transformar gradualmente em lavouras de cana-de-açúcar.

Ferraz lembra que o avanço tecnológico da pecuária, que permite a criação de mais animais em espaço menor, também contribui para que estas áreas mais próximas do mercado consumidor e de portos sejam tomadas pela agricultura.

E Araçatuba possui, além das rodovias, possibilidade de escoamento de produção tanto pela Hidrovia Tietê/Paraná como tem cesso a uma ferrovia privatizada que permite ligação tanto com o Porto de Santos como para a Bolívia, e de lá, até o Oceano Pacífico através do Chile. São três os fatores levados em conta para o plantio de cana: a qualidade da terra, as precipitações pluviométricas e a logística. O Noroeste paulista possui todos estes fatores ideais para a cultura, diz Nastari. O solo de boa qualidade, a média ideal de chuvas anuais e bons canais de escoamento estão atraindo investimentos do setor sucroalcooleiro para Araçatuba e região. Isto não é apenas uma expectativa, mas está acontecendo neste momento, diz Nastari. Das 41 novas usinas que estão sendo construídas no Centro-Sul e que devem estar prontas em cerca de 5 anos, 28 estão localizadas em São Paulo. Em São Paulo, mais de 90% destes projetos está concentrado no Noroeste paulista, afirma. Até 2010, a região deverá estar produzindo um adicional de cana em torno de 51 milhões de toneladas.

Depois de Araçatuba, as regiões paulistas que também estão sendo ocupadas pela cana são São José do Rio Preto e a região de Fernandópolis, as duas no Noroeste. O Estado de São Paulo tem 10,2 milhões de hectares ocupados com pastagens, muitas vezes degradadas, que devem ser cada vez mais ocupadas com agricultura, diz Nastari. A cana também está seguindo o caminho do Triângulo Mineiro, Sul de Goiás, Oeste da Bahia e Sul do Maranhão. No Triângulo Mineiro, o avanço da cana está sendo alavancado pelos investimentos dos grupos sucroalcooleiros do Nordeste. Segundo Heloisa Lee Burnquist, pesquisadora do Cepea especializada no setor, os grupos nordestinos estão no Centro-Sul já faz algum tempo, mas é recente a sua concentração no Triângulo Mineiro.

Nessa região, 11 usinas de grupos do Nordeste já operam, com idade média em torno de 5 anos. Destas 11, 8 pertencem a empresas nordestinas, como o Grupo João Lyra, com 2 unidades operacionais, o Grupo Carlos Lyra, também com 2, o Grupo Tércio Wanderley, com três usinas e outra do Grupo José Pessoa, todas no Triângulo.

Apesar de ser o principal canal de crescimento da área plantada com cana-de-açúcar no Nordeste, o Sul do Maranhão deve ter uma ocupação mais demorada. Segundo Nastari, a proximidade da região com a floresta amazônica cria problemas para a ocupação em áreas próximas à reserva legal.

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