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Prioridade para o álcool

Uma das conseqüências do conflito no Iraque foi o aumento da importância da produção de álcool no País. O Brasil, que se tornou o maior produtor de cana-de-açúcar no mundo, com 293,0 milhões de toneladas na safra 2001/02 e previsão de 314,4 milhões para a safra atual, encontra-se numa situação privilegiada para produzir açúcar: na região Centro-Sul o custo é de US$ 180 por tonelada, contra US$ 335 na Austrália e US$ 710 na União Européia. A vantagem na produção de álcool anidro é ainda maior: US$ 0,19 por litro, contra US$ 0,33 nos EUA e US$ 0,55 na UE.

O governo, preocupado em manter abastecimento adequado de álcool, mesmo que tivesse de reduzir a exportação de açúcar, conseguiu que os produtores se empenhassem em aumentar a produção de álcool anidro, que deverá passar de 6,449 mil m3 na safra 2001/2002 para 6,915 mil m3 na safra 2002/03, e de álcool hidratado, de 5,070 mil m3 para 5,326 mil m3.

Ficou acertado que durante três meses a mistura de álcool anidro à gasolina seria reduzida de 25% para 20%, que a produção de álcool seria antecipada de 600 milhões de litros em abril, devendo neste ano chegar a 12,65 milhões de litros.

Segundo Eduardo Carvalho, presidente da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica), os produtores assumiram o compromisso de que o preço do álcool não ultrapassaria 60% do preço da gasolina, esclarecendo, porém, que eles não se responsabilizam pelo preço final, que depende da margem de distribuição, da revenda e dos impostos. Segundo ele, para um preço do petróleo superior a US$ 18 o barril, o álcool passa a ter vantagem sobre a gasolina.

A preocupação das autoridades em relação ao álcool se justifica por vários motivos: a incerteza sobre a evolução do preço do petróleo, o aumento da fabricação de carros de passeio a álcool, a produção de veículos “flex fuel” que podem usar gasolina ou álcool e a necessidade de reduzir a emissão da poluentes. O Brasil poderá se tornar um grande exportador de álcool, na medida em que os países forem aderindo às decisões do acordo de Tóquio.

É importante, no entanto, que o preço do álcool tenha maior estabilidade. O açúcar é uma “commodity” cujo preço depende de uma série de fatores (oferta, demanda, estoques), mas para o qual já existe um importante mercado futuro.

O álcool é um produto que depende da evolução do preço do petróleo que, neste momento, está sujeito a grandes e imprevisíveis flutuações.

A questão é saber até que ponto se podem reduzir as exportações de açúcar para produzir mais álcool, num momento em que é necessário aumentar as receitas em moeda forte.

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