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Primeira prévia é a mais alta desde julho de 2008

Um aumento mais intenso de preços em produtos derivados da cana-de-açúcar impulsionou a inflação mensurada pela primeira prévia do IGP-M, de janeiro para fevereiro, de 0,27% para 0,98%, na mais intensa aceleração do indicador desde julho de 2008.

Segundo o coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Salomão Quadros, estes produtos influenciaram fortemente o setor atacadista, cuja taxa de inflação também disparou no período (de 0,25% para 1,16%). “Os três setores, atacado, varejo e construção civil, impactaram a alta de preços na primeira prévia, mas o setor atacadista contribuiu mais na formação da taxa, por ter peso maior”, explicou o especialista.

Na lista das cinco elevações de preço mais expressivas no atacado, quatro são relacionadas à cana. É o caso de açúcar cristal (23,81%); álcool etílico anidro (15,53%); cana-de-açúcar (3,54%): e açúcar refinado (18,37%). “Não podemos dizer que está ocorrendo um aumento generalizado de preços no atacado. O que ocorre são várias elevações de preços relacionadas a problemas no mercado de cana-de-açúcar”, frisou o economista.

Quadros explicou que a demanda por cana e seus derivados tem aumentado progressivamente desde meados do ano passado, quando houve a quebra da safra de açúcar na Índia, e a procura internacional pelo produto aumentou, deslocando oferta de açúcar brasileiro do mercado doméstico para o exterior.

Isso elevou o preço do açúcar no mercado interno. Além disso, a demanda por álcool combustível continua forte, o que fez com que a cana-de-açúcar se tornasse matéria-prima disputada entre produtores. Quadros lembrou que os produtos derivados da cana têm peso forte no cálculo da inflação atacadista.

No varejo, o especialista comentou que, na primeira prévia do IGP-M, os preços continuaram pressionados pelo recente reajuste em ônibus urbano em São Paulo. Além disso, Quadros disse que o cenário da cana no atacado também influenciou o comportamento de combustíveis junto ao consumidor. É o caso de álcool combustível (de 2,18% para 9,36%); e gasolina (de 0,75% para 1,25%).

Quadros disse que o resultado final do IGP-M de fevereiro ainda é uma incógnita. Ele comentou que, mesmo com a primeira prévia do índice mostrando alta de 0,98%, não é possível dizer que o indicador vai encerrar o mês acima de 1%. “É muito cedo para dizer uma coisa destas”, observou.

Quadros comentou que, mesmo com a pressão de preços em produtos derivados da cana-de-açúcar no atacado, alguns produtos importantes na composição da inflação atacadista estão com queda intensa de preços, como a soja em grão por exemplo (-10,63% na primeira prévia de fevereiro). Além disso, o economista lembrou que, na primeira prévia de fevereiro, o impacto de reajustes de preços administrados como mensalidades escolares e ônibus urbano na inflação varejista ainda é muito forte.

A FGV informou ainda os resultados dos três indicadores que compõem a primeira prévia do IGP-M de fevereiro. O Índice de Preços por Atacado (IPA) teve aumento de 1,16% na prévia anunciada ontem, em comparação com a alta de 0,25% na primeira prévia de janeiro, na maior taxa para este índice, dentro de uma primeira prévia, desde julho de 2008, quando o IPA subiu 1,97%.

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) apresentou avanço de 0,75% na prévia divulgada ontem, após subir 0,40% na primeira prévia de janeiro, a maior taxa desde abril de 2003, quando o IPC avançou 0,93%. O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) teve elevação de 0,41% na primeira prévia deste mês, após registrar aumento de 0,07% na primeira prévia de janeiro, a maior taxa desde junho do ano passado, quando houve alta de 1,76%. (Alessandra Saraiva)

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