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Prevenção na safra reduz desmonte na entressafra

Um autêntico desmonte. É o que se pode presenciar nas usinas entre novembro e março. Pelo menos 300 peças são desmontadas e jogadas no chão, para depois serem levadas para oficinas, fora ou dentro da própria unidade. Enquanto a moagem está parada, outras empresas trabalham 24 horas por dia para que possam fazer os reparos. Só em Piracicaba, Campinas, Sertãozinho e Ribeirão Preto, cidades do interior paulista, mais de 800 empresas estão prontas para atuarem no serviço de manutenção.

Mas isto é mesmo necessário? Parece que a manutenção preventiva dispensaria esse trabalho demorado e caro. É o parecer do engenheiro Luiz Cláudio Pereira Silva, coordenador do Departamento Técnico Comercial da Dinatécnica, de Ribeirão Preto, SP. Se há uma década o desmonte era feito em praticamente toda a indústria, hoje atinge aproximadamente 65% dos equipamentos. “A manutenção e correção durante a safra e novas tecnologias estão reduzindo os custos e o tempo de reparo”, afirma o engenheiro.

Por prevenção compreende-se o detalhamento dos problemas durante a safra para que eles sejam corrigidos na entressafra, de tal forma que na safra seguinte estejam reduzidos sensivelmente. O engenheiro da Dinatécnica coloca como fundamental, ainda, que as usinas sigam à risca os projetos, reduzindo assim o desgaste dos equipamentos e, por conseqüência, a amplitude dos reparos. Para ele, quanto mais eficiente a prevenção e o diagnóstico preciso dos problemas, com a devida correção posterior, menores serão os custos e o tempo de manutenção.

E ainda, como é justamente na entressafra que as usinas implantam projetos de ampliação, as empresas que prestam serviço de manutenção advertem para a necessidade de atualização de tecnologias capazes de evitar os problemas normalmente constatados. “A Usina da Pedra, de Serrana, SP, por exemplo, este ano teve uma ampliação de 40%, e nesse projeto deu-se prioridade para melhorias de equipamentos e tecnologias que permitem maior vida útil ao equipamento, lógico condicionada à execução do projeto”, acrescenta o engenheiro da Dinatécnica.

Como as usinas são indústrias sazonais, com um longo período de entressafra, o engenheiro Helemilton Rios Moreira, da Qualitech Engenharia, acredita que “ao longo do tempo consolidou-se uma cultura e a comodidade de se fazer a manutenção neste período, só que com a possibilidade de venda da energia elétrica, essas usinas foram impelidas a aumentar consideravelmente o nível de pressão de vapor, para a maximização da geração de excedentes dessa energia”, acrescentando que para isso a permanente manutenção e novas tecnologias tiveram que ser definitivas no dia-a-dia do setor.

Com a implantação de ciclos de condensação em algumas usinas, surge ainda a possibilidade, por alguns meses da entressafra, de transformação da sobra do bagaço de cana em energia elétrica. “Acredito que uma usina nessa condição, é compelida a aprimorar a sua manutenção preventiva, em função do encurtamento dos meses de entressafra”, explica o engenheiro da Qualitech.

Confira matéria completa na edição de setembro do JornalCana.

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