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Presidentes firmam acordos de cooperação

Colônia de Sacramento (Uruguai), O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu colega uruguaio, Tabaré Vázquez, firmaram ontem acordos para avançar negociações e fechar programas de comércio e cooperação energética, um passo exigido pelo presidente do Uruguai. Lula foi ao país vizinho para discutir os pedidos de Vázquez pela abertura de mais mercados ao Uruguai, mas também para expressar a posição contrária do Brasil e do Mercosul a respeito de acordos comerciais fora do bloco.

A visita de Lula acontece dez dias antes da chegada do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, país com o qual Montevidéu analisa a possível implantação de um Tratado de Livre Comércio (TLC). As regras do Mercosul impedem que os sócios firmem TLC com nações de fora do bloco.

Os documentos assinados pelos dois presidentes consistem em um memorando de entendimento para a promoção de comércio e investimentos, um protocolo de intenções sobre um programa de cooperação na área de biocombustíveis e um protocolo adicional para a criação de uma comissão mista permanente para energia e mineração. Além disso, ambos se comprometeram a reconstruir a ponte Barão de Mauá e levantar outra sobre o rio Jaguarão, as duas na fronteira.

Ontem, ao fim do encontro com Lula, Vázquez disse não querer “caridade no Mercosul, mas justiça para que o bloco dê frutos para todos seus membros”. E acrescentou que o seu país encontrou “compreensão nas autoridades brasileiras sobre a necessidade de que os membros pequenos do bloco recebam um tratamento justo”. Para Lula, “o Mercosul é, muitas vezes, vítima da incompreensão”.

Disse também que o governo brasileiro “assume o desafio” e a “responsabilidade” de “pôr em prática” a vontade política de superar as diferenças dentro do Mercosul.

Ainda segundo Lula, o Brasil tem “que facilitar as condições aos membros menores para que tenham as mesmas oportunidades”. Uruguai e Paraguai, os dois membros menores, haviam mostrado descontentamento com os maiores – Argentina, Brasil e Venezuela – a respeito das profundas assimetrias do bloco. Segundo Lula, todos os membros do Mercosul devem estar satisfeitos com os benefícios e vantagens da união dos países sul-americanos.

O encontro dos dois líderes se realizou na casa de campo presidencial de Anchorema. Em discurso, Lula defendeu o direito dos países membros do Mercosul de negociar acordos do seu próprio interesse. Ressaltou, no entanto, a necessidade de cumprir as regras do bloco.

Ele comentou a visita, em março, do presidente dos EUA à América do Sul. Disse que o Uruguai deve discutir com Bush temas de seu interesse, assim como o Brasil irá debater questões da agenda nacional, como a produção de biocombustíveis. “A relação do Mercosul não impede que isso aconteça. É preciso que cada país possa cuidar dos seus interesses, levando em conta que temos regras que nos obrigam enquanto Mercosul a termos determinados procedimentos, mas sem tolher a liberdade de cada país de fazer os acordos com seus interesses soberanos”.

Voltou a falar sobre a responsabilidade do Brasil como maior economia do bloco e, por isso, principal apoiador e comprador da produção de países menores. Lula admitiu que nenhuma integração regional avançará se os acordos não forem justos.

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