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Presidente da Cetesb critica redução de álcool

A redução do teor de álcool, de 25% para 20%, na gasolina distribuída no país deve representar um aumento de 34% nas emissões de monóxido de carbono – CO – e de 13% nas de hidrocarbonetos, podendo representar uma piora na qualidade do ar da Região Metropolitana de São Paulo, neste próximo inverno. Esta é a estimativa dos técnicos do Departamento de Tecnologia de Emissões de Veículos da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental – Cetesb.

Segundo o presidente da instituição, Rubens Lara, em comunicado distribuído à imprensa, a alteração nos índices de emissão ocorrerá, principalmente, com os veículos carburados, que não dispõem da tecnologia de injeção eletrônica. Apenas os veículos fabricados a partir de meados da década de 90, são equipados com catalisadores em “closed loop”, que fazem a correção automática da mistura ar/combustível, fazendo com que os motores operem em condições ideais evitando a emissão excessiva de poluentes. Lara lembra que 64% da frota de seis milhões de veículos da região metropolitana é anterior à introdução da injeção eletrônica. A situação é ligeiramente mais grave no resto do Estado, onde 66% da frota é de veículos com motores carburados.

A Cetesb estima um aumento da ordem de 20% nas emissões veiculares de CO na RMSP. “Isto quer dizer, explica Lara, que os tubos de escapamento dos veículos a gasolina deverão emitir quase 1,2 milhão de toneladas de monóxido de carbono ao longo de um ano.”

A agência ambiental calcula que as emissões de CO dos veículos movidos a gasolina na RMSP , em 2001, totalizaram 780,8 mil toneladas e as de motocicletas mais 217,5 mil toneladas, perfazendo 998,3 mil toneladas, sobre as quais se estima o aumento de 20%. A variação nas emissões de HC por esse tipo de veículo é estimada em 8%, calculando-se que o total aumente de 111,2 mil toneladas para cerca de 120 mil toneladas num período de um ano.

Na Grande São Paulo, as emissões provenientes dos carros, de acordo com as estimativas da Cetesb, representam mais de 70% do CO total emitido pelas fontes, e que embora nestes últimos, seus níveis na atmosfera tenham diminuído por conta das inovações tecnológicas nos veículos e da renovação da frota, o padrão de qualidade do ar do CO, que é um dos parâmetros de proteção à saúde, ainda é excedido várias vezes durante o inverno, período em que as condições atmosféricas para dispersão dos poluentes é desfavorável por conta de calmarias, ventos fracos, inversões térmicas, prejudicando a saúde da população, observa Jesuino Romano, gerente da Divisão de Qualidade Ambiental da CETESB.

As emissões de óxidos de nitrogênio – NOx, responsáveis pela formação de ozônio na baixa atmosfera, deverão diminuir em 4%, mas a qualidade do ar não deverá apresentar melhora, em virtude do aumento de 8% nas emissões de HC, que também são precursores da formação desse poluente. Lara salienta, ainda, que a redução de 5% no teor de álcool na gasolina terá implicações diretas na emissão de dióxido de carbono, que é um dos grandes responsáveis pelo efeito estufa, contribuindo para o aumento da temperatura global.

Ao finalizar, Lara ressaltou que é preciso estabelecer regras claras no abastecimento de álcool combustível, considerando que o país não pode sofrer com as oscilações do mercado mundial de açúcar. “Num momento em que a indústria automobilística procura resgatar a credibilidade dos veículos a álcool, menos poluidores, que colocaram o país na vanguarda do uso de combustíveis renováveis, um episódio dessa natureza compromete a confiança que o consumidor brasileiro tinha nessa tecnologia, além da qualidade do ar nos grandes centros urbanos que, sem dúvida, acaba se deteriorando.”

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