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Prefeito de Dourados recebeu propina de R$ 90 mil para aprovar projeto de usineiro

Além de obter dinheiro com as fraudes em licitações públicas, o prefeito de Dourados, Ari Artuzi (PDT) e alguns vereadores da cidade, recebiam propina para aprovação de leis. O ex-secretário de Governo da Prefeitura, Eleandro Pasaia, diz no depoimento prestado na Polícia Federal no inquérito que apura corrupção na administração municipal, que um empresário do setor sucroalcooleiro gastou R$ 90 mil para aprovar projeto que dilatava o prazo para o início da proibição das queimadas das lavouras de cana para a colheita da safra. A queima das lavouras antes do corte da cana, é condenada pelos ambientalistas.

Segundo Pasaia, pela lei em vigor a partir do início desse ano as usinas teriam que estar com a colheita mecanizada, mas isso não vinha sendo cumprido. Por isso, em março os vereadores aprovaram um projeto de lei que estendia o prazo para que as usinas se adequassem. A matéria passou pelo legislativo na surdina, e só foi descoberto pelos ambientalistas meses depois. De acordo com o ex-secretário de Governo, o empresário liberou R$ 70 mil para serem rateados entre os vereadores e deu R$ 20 mil para que o prefeito Ari Artuzi não vetasse o projeto.

– O Ari não vetou e nem sancionou, para não ficar mal com a população, e o projeto acabou sendo promulgada pela Câmara – conta Pasaia.

Ele entregou a fita com as imagens dele pegando os R$ 20 mil na casa do empresário e no mesmo dia repassando o valor para o prefeito. Pasaia afirmou que quanto a propina aos vereadores, não sabe como foi pago.

Ari Artuzi foi um dos 29 que tiveram as prisões temporárias decretadas pela Justiça, por envolvimento em fraude em licitações. Os acusados foram presos pela PF durante a Operação Uragano (vulcão, em italiano), depois que Eleandro Pasaia denunciou as irregularidades e passou a ajudar a polícia gravando as negociações e os pagamentos de propina.

Além do prefeito foram presos o vice-prefeito, o procurador-geral do município e o presidente da Câmara de Vereadores, Sidlei Alves (DEM). Com isso, a cidade ficou sem comando desde a quarta-feira, quando as prisões foram feitas. Por questão de segurança, já que alguns moradores se revoltaram com a corrupção e apedrejaram a casa do prefeito, Artuzi foi trazido para uma delegacia de polícia em Campo Grande, onde se recusou a comer a refeição fornecida aos demais presos. O advogado dele, Carlos Marques, levou comida na noite de quarta-feira e nesta quinta estava preparando recurso para livrar o prefeito da cadeia.

Na Câmara, três vereadores que não foram alvos da Operação Uragano, compareceram ao trabalho mas não houve sessão por falta de quórum, já que dos 12 parlamentares, oito estão presos. Na prefeitura, mesmo sem ninguém no comando, os servidores continuaram trabalhando. A assessoria de imprensa informou que os serviços essenciais não foram afetados e que o pagamento dos servidores será liberado até o dia 8.

Segundo a assessoria do Tribunal de Justiça, até ontem não havia dado entrada nenhum pedido de intervenção estadual em Dourados e, como os pedidos feitos foram apenas de prisões e não do afastamento dos cargos, o prefeito e o presidente da Câmara de Vereadores poderão despachar normalmente de dentro das celas. Segundo o advogado Carlos Marques, até ontem Artuzi não precisou dar nenhum despacho da cela onde se encontra.

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