JornalCana

“Preços dos combustíveis estão ajustados”

Os preços da gasolina e do diesel vendidos no Brasil estão, no momento, mais baratos do que no mercado internacional, mas o diretor da área de Abastecimento da Petrobras, Rogério Manso, diz que não se pode comparar preços domésticos com os do mercado internacional olhando “o curtíssimo prazo”. Dependendo do local de referência para comparação, a diferença de preços varia. Segundo cálculos da BES Securities, ontem a gasolina vendida no Brasil pela Petrobras estava 4,6% mais barata que a média do Golfo americano, enquanto o óleo diesel estava 5,2% mais em conta no Brasil.

Pelos dados do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE), com base nos preços do dia 26, a gasolina da Petrobras estava custando 3% mais barato que no Golfo, enquanto o preço do óleo diesel estava 4% menor. Entretanto, o CBIE ressalva que apesar da queda do preço do petróleo na semana passada, a desvalorização do câmbio pode anular o efeito positivo desta queda. Para Pedro Batista, do Pactual, os preços da Petrobras foram alinhadados em 2003, mas com certo atraso em relação aos do mercado internacional.

Já em relatório do Unibanco do dia 19 de janeiro, os analistas Natalia Kerkis e Cleomar Parisi afirmavam que “o prêmio praticado pela Petrobras no mercado interno nos casos da gasolina e óleo diesel se reduziu, chegando em alguns momentos a um valor negativo”. Na ocasião, isso significava que a estatal estava com preços diferentes do mercado internacional. Segundo o Unibanco, no dia 16 os preços da gasolina estavam 4% abaixo da média do Golfo, enquanto os do diesel estavam 6% acima. Mesmo assim, o banco não previa mudança de preços no Brasil. “Não acreditamos que a Petrobras promova um aumento dos preços desses refinados”, explicando adiante que “há gordura para queimar”.

Rogério Manso, da Petrobras, rebate as análises dizendo que os preços estão ajustados. “Se nosso preço está estável e o mercado subindo e descendo, dependendo do momento em que alguém faz a comparação, acha que o nosso preço está alto ou vice-versa. Duas semanas depois, é o contrário. Olhar nossos preços no curtíssimo prazo não faz sentido porque a filosofia é estar com preços na média internacional, até que haja uma mudança de patamar”, diz Manso.

Segundo ele, ao contrário do que dizem alguns analistas, a Petrobras tem, sim, uma política de preços para a gasolina e o diesel. “Mas não dá para a concorrência esperar que a gente informe com antecedência quais os movimentos que vamos fazer. Afinal, o mercado é livre.” Em média, os preços da companhia, inclusive da gasolina e do diesel, flutuam em paridade com o mercado externo. “Se os preços mostrarem que vão se estabilizar para cima ou para baixo, temos que rever a aplicabilidade da fórmula”, explica , lembrando que trata-se de um ajuste fino, já que manter os preços desalinhados mexe com todo o mercado.

“Se os preços ficarem abaixo do mercado, quem está comprando lá fora passa a comprar conosco, sem possibilidade de atendimento pelas nossas refinarias. E se ficarem muito acima, descolados da média internacional por um ou dois meses, isso provoca aumento do volume das importações”, explica Manso. “E se nossos preços estiverem muito para cima tem quem prefira pagar multa por descumprir a cota (de compra nas refinarias) e importar.”

A cotação internacional do petróleo chegou a bater a marca de US$ 35 o barril no mercado futuro nas últimas semanas, mas o brent caiu para a faixa de US$ 29/30 e, segundo analistas e a própria Petrobras, esse patamar de preços não deve se sustentar, ficando na faixa de US$ 24 a US$ 26 ao longo de 2004. “Até o momento não há uma tendência de baixa e nem de alta”, diz Manso.

Agora, o mercado acompanha de perto os preços da estatal para ver como eles vão se comportar no ano. O diretor da Petrobras disse ao Valor que a companhia não tem, no momento, nenhuma expectativa de mudança no patamar de preços. Pelo menos no caso da gasolina e do óleo diesel, os produtos mais sensíveis e com impacto direto no custo de vida da população. “Não temos nenhuma perspectiva no curto prazo de mexer em preços”, afirma Manso. “O mercado tem oscilado tanto para baixo quanto para cima e, na média, a flutuação está em torno dos nossos preços”, complementa.

Ele lembra que o preço dos demais combustíveis produzidos pela companhia já estão flutuando com mais freqüência, para cima ou para baixo, como intervalo médio de um mês, como é o caso do querosene de aviação, óleo combustível, nafta, produtos especiais, lubrificantes e solventes. “Esses combustíveis estão acompanhando o comportamento dos mercados mais maduros”, afirma. Para produtos especiais, a política de reajustes quinzenais vem sendo adotada há cerca de cinco anos, e para o querosene de aviação e óleo combustível o procedimento começou há cerca de dois anos.

A expectativa do BES Securities é de que se a Petrobras mantiver a paridade do diesel e da gasolina com o mercado internacional, e considerando a expectativa de queda do petróleo, “é possível que isso se reflita em redução desses combustíveis, mas em um timing diferente”, afirma Mônica Araújo.

Inscreva-se e receba notificações de novas notícias!

você pode gostar também
Visit Us On FacebookVisit Us On YoutubeVisit Us On LinkedinVisit Us On Instagram