Mercado

Preços do álcool e do açúcar voltam a cair

Oferta supera a demanda e cotações caem tanto no mercado doméstico como no exterior. O avanço da safra de cana e uma inesperada estabilização da demanda provocou queda de 3,56% no preço do álcool hidratado nas usinas paulistas, segundo levantamento divulgado sexta-feira pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP).

Também a expectativa de uma colheita recorde no Brasil por parte dos investidores estrangeiros, além da produção maior de cana na Índia, também derrubaram o mercado de açúcar nas bolsas de Nova York e de Londres. Tradings trabalham com a estimativa divulgada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), segundo a qual, a safra brasileira de cana-de-açúcar será de 455,3 milhões de toneladas, 7,6% maior que na safra passada, o que interpretam como uma oferta maior que a procura.

Embora os chamados fundamentos do mercado indiquem preços e demanda firmes no curto e médio prazos, alguns produtores afirmam estar inseguros em relação ao comportamento dos preços nos próximos anos. O presidente da Organização dos Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil (Orplana), Manuel Ortolan, recomenda cautela. Para ele, os produtores devem planejar suas atividades levando em conta os custos e a perspectiva de receita. Ortolan, tradicional fornecedor de cana às usinas disse que, como inúmeros outros produtores da região de Ribeirão Preto, passou a plantar cana também na região oeste do Estado. Segundo afirmou, está surpreso com os resultados.

A lavoura de Ortolan, no primeiro ano em produção está proporcionando produtividade de 140,5 toneladas por hectare, muito acima do alcançado nas lavouras da região Araraquarense. O presidente da Orplana atribui o bom resultado ao clima e à qualidade do solo daquela região. Para ele, as condições favoráveis da safra atual estão servindo para derrubar os preços do açúcar e do álcool.

Ortolan diz que os arrendatários de terras na região noroeste de São Paulo estão pagando 14,5 toneladas de cana por hectare aos proprietários de terras daquela região do estado. As áreas que estão sendo ocupadas pela cana eram originariamente pastos, informa.

O volume pago pelo arrendamento representa quase a metade do que é pago pelo arrendamento de terras na região de Ribeirão Preto. O elevado custo das terras naquela área quase inviabiliza a atividade para aqueles que dependem de arrendamento. Apenas os proprietários de terras têm condições de permanecer na atividade. A exceção, segundo informa, são as usinas cujos custos são absorvidos pelo elevado volume de cana que processam durante a safra.

O presidente da Usinas e Destilarias do Oeste Paulista (Udop), Luiz Guilherme Zancaner, não vê motivo para preocupação em relação ao mercado. Para ele, a queda dos preços é apenas um resultado de ajuste momentâneo do mercado. Além da estabilização da demanda por álcool no mercado interno, a queda nos preços é também provocada pela redução da velocidade dos embarques do combustível para os Estados Unidos.

Segundo Zancaner, as usinas e destilarias de álcool venderam em junho 1,4 bilhão de litros, dos quais, 450 milhões foram dirigidos às exportações. Zancaner acredita que essas vendas se repetiram em julho.

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