Mercado

Preços do açúcar continuam em alta e serão repassados

O açúcar alcançou ao longo, desta semana, o maior preço verificado nos últimos 24 anos, chegando à US$ 430 por tonelada nas bolsas internacionais, quase o dobro do preço verificado no mesmo período de 2005. As cotações da commodity tendem a se manter firmes ao longo de 2006, principalmente por conta do défcit de produção frente ao consumo, de até oito milhões de toneladas nas duas últimas safras mundiais. Esse movimento de alta irá impactar diretamente nos custos de produção das indústrias alimentícias que utilizam a matéria-prima, como as de chocolate, uma vez que o mercado interno acompanha as cotações internacionais. Estima-se que o consumo mundial de açúcar seja de 150 milhões de toneladas.

“Até maio de 2007, os preços se mostram firmes. Entre outras fatores, o Brasil, principal player do mercado, tem indicado que o crescimento das áreas de cana-de-açúcar será destinado em boa parte para a produção de álcool. É por isso que as variações podem ocorrer, pois estão de acordo com o posicionamento brasileiro para a próxima safra”, explica o diretor técnico da União da Indústria Canavieira de São Paulo (Unica), Antônio Rodrigues. Outro fator para essa alta, são as especulações de fundos. “O mercado de açúcar têm passado por diversas especulações de investidores, uma vez que a firmeza do mercado abre essa possibilidade”, avalia Rodrigues.

Em relação aos preços internos, o diretor comercial da Açúcar Guarani S.A. , Paulo José Mendes Passos, afirma que é inevitável o repasse dos aumentos para o varejo e para a indústria. “A alta nos preços é totalmente repassada. Pode ocorrer um pequeno deslocamento, uma vez que a maior parte dos contratos no mercado interno são feitos com preços do mercado spot e baseados no índice Esalq. Durante este ano, tudo indica que o consumo crescente, aliado a estoques mundiais menores continuarão sustentando as cotações.”

A Açúcar Guarani produziu na última safra 555 mil toneladas de açúcar. Desse total, cerca de 45% foi destinado para a indústria. Outros 25% foram exportados e aproximadamente 20% teve como destino o varejo.

O presidente do Grupo Tavares de Mello , Carlos Tavares de Mello, explica que é preciso levar em consideração uma desvalorização cambial de quase 20% no último ano, mas que mesmo assim, o açúcar atingiu preços “inimagináveis”. “Mesmo com a alta, o preço do açúcar no varejo brasileiro ainda é o mais baixo do mundo. No entanto, não é possível descolar a alta no mercado internacional de uma alta no mercado interno. Se isso ocorresse, os produtores da commodity optariam por exportar o produto e haveria um desabastecimento interno.”

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