JornalCana

Preços disparam no mercado interno, mas desabam no exterior

A disparada das cotações dos grãos no mercado internacional nas últimas semanas se refletiu fortemente nos preços agrícolas no mercado interno. Levantamento do Instituto de Economia Agrícola (IEA) da Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo indica a expressiva alta de 5,1% no índice de preços pagos aos agricultores (IPR) na terceira semana de março, com ganho de 2,97 pontos percentuais em relação ao período anterior.

A tendência de alta mantém-se nas últimas semanas, influenciada pelas sucessivas elevações nos preços internacionais, influenciada pelas notícias de quebra das safras na região Sul e Centro-Sul do Brasil. A queda de 1,54% ocorrida nos preços dos produtos de origem animal, por causa dos efeitos da safra, que está em andamento, não ajudaram a neutralizar a reação de 8,78% dos preços dos produtos de origem vegetal.

Ontem, no entanto, foi dia de forte flutuação nos preços das principais commodities no exterior (ver página B-10). Segundo analistas, a valorização do dólar ante ao euro influenciou o mercado. Entre os grãos, as maiores quedas registradas ontem em Chicago foram para a soja (3,6%), o trigo (3,6%) e o milho (2,1%). Traders acrescentam ainda que na últimas semanas os preços estavam altos demais para os quadros fundamentais – de excesso de produção mundial. “Havia especulação em relação à safra brasileira, devido à seca. E, até o dia 31 haverá especulação ante ao plantio dos Estados Unidos”, avalia Paulo Molinari, consultor da Safras & Mercado. No último dia de março, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda) divulga levantamento de plantio naquele país.De acordo com o IEA, os preços da soja pagos ao produtor subiram 34,78% na terceira semana, do milho, 21,92% e do trigo, 11,7%. Além disso, as cotações do café elevaram-se em 16,22%, com a perspectiva de uma safra menor no Brasil e da seca no Vietnã. Em contrapartida, o preço do algodão caiu 8,43%, do amendoim, 18,37%, e do feijão, 7,41%.

Perda não contabilizada

Apesar da queda dos preços internacionais, o coordenador da pesquisa do IEA, Nelson Martin, acredita que o IPR deverá manter-se em alta. Segundo afirmou, a ligeira variação ocorrida ontem nas bolsas internacionais são apenas resultado de ajustes momentâneos. Para ele, as perdas na produção brasileira ainda não foram inteiramente contabilizadas. Martin diz que o mercado ainda não tomou conhecimento dos prejuízos ocorridos em Mato Grosso do Sul e no Paraguai, que foram tão relevantes quanto as ocorridas no Paraná e em São Paulo. Quanto ao café, para Martin, o produto ingressou num ciclo de alta que dificilmente será revertido.

Dos 19 produtos analisados, 10 apresentaram crescimento no preço (banana, café, cana-de-açúcar, laranja, milho, soja, tomate, trigo, ovos e suínos), enquanto seis tiveram reduções (algodão, amendoim, batata, feijão, aves e boi).

Entre os produtos de origem vegetal, o forte aumento nas cotações dos grãos elevou o preço do grupo em 8,78%. No segmento animal, a queda nas cotações das aves e do boi não foi compensada pela alta em ovos e suínos, o que reduziu o preço do grupo em 1,54%. O resultado foi a alta de 5,10% no IPR, a mais elevada desde a primeira semana de dezembro de 2004.

Inscreva-se e receba notificações de novas notícias!

você pode gostar também
Visit Us On FacebookVisit Us On YoutubeVisit Us On LinkedinVisit Us On Instagram