A produção de cana-de-açúcar no Brasil está estimada em cerca de 568,4 milhões de toneladas na safra 2021/22, o que representa uma queda de 13,2% na comparação com a produção de 654,5 milhões de toneladas do ciclo anterior, de acordo com a conjuntura mensal sobre a cana-de-açúcar, publicada nesta semana pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Segundo a entidade, essa queda na produção se deve às baixas de 4,1% na área colhida e de 9,5% na produtividade dos canaviais em razão da seca e das geadas do último inverno.
Com relação aos valores, o documento informa que, após a queda nos preços de açúcar registrada nos dois primeiros meses do ano, o biocombustível volta a registrar valorização em março. A alta segue o comportamento do mercado externo, em um movimento influenciado pelo aumento das cotações de petróleo.
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Todavia, essa elevação no cenário doméstico tende a ser limitada devido à aproximação da safra 2022/23 de cana, com perspectiva de recuperação da produção, além da valorização do real frente ao dólar.
No caso dos preços do açúcar, estes recuaram em fevereiro deste ano na Bolsa de Nova Iorque, esse foi o terceiro recuo consecutivo no preço médio mensal. O crescimento da produção na Índia, Tailândia e Europa na safra 2021/22, bem como a perspectiva de recuperação da safra 2022/23 no Brasil, contribuem para a redução dos preços.
Nas primeiras semanas de março, os preços do açúcar voltaram a se recuperar no exterior e devem se manter sustentados enquanto persistirem os elevados patamares nas cotações do petróleo.
Alta também nos preços do etanol, seguindo a valorização do barril de petróleo no mercado internacional, bem como a melhora na competitividade do biocombustível em relação à gasolina. Além disso, o avanço no controle do covid-19 também favorece a perspectiva de fortalecimento do consumo no início da safra 2022/23.
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“Apesar da valorização do etanol na semana passada, segundo os dados da ANP, o preço médio do etanol ainda se mantém mais competitivo do que o da gasolina nos principais estados produtores”, pondera o analista da companhia, Fábio Costa.
Segundo dados da ANP, nas primeiras semanas deste mês de março, os preços do etanol se mantêm abaixo de 70,0% do preço da gasolina em quatro estados.
Na semana entre os dias 20 e 26 deste mês, a relação de preços entre o etanol hidratado e a gasolina comum esteve em 66,6% em Goiás, 68,0% em Minas Gerais e 68,3% em São Paulo e Mato Grosso. Esse comportamento contribui para a tendência de recuperação do consumo do biocombustível no início da safra 2022/23.
Exportações
Nos primeiros onze meses da safra 2021/22, o Brasil exportou cerca de 24,5 milhões de toneladas de açúcar, o que representa uma redução de 18,8% na comparação com igual período do ciclo anterior. Entre os principais motivos para a redução das exportações no ciclo atual estão a quebra da produção na safra 2021/22 e problemas logísticos no transporte marítimo internacional.
No caso do biocombustível a redução chega a 41,4% no acumulado dos onze meses da safra 2021/22. De acordo com a análise da Conab, o menor volume de venda para o mercado externo é explicado pela quebra da produção na temporada e por problemas logísticos no transporte marítimo internacional. No mesmo período, a importação de etanol recuou cerca de 35,1%, confirmando a tendência após o fim das cotas de importação do etanol originário dos Estados Unidos.