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Preços agropecuários em SP fecham 2007 com alta de 9,15%

O Indice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR)1 encerrou 2007 com alta de 9,15%, quando comparado com os preços vigentes em dezembro de 2006. Isto decorreu fundamentalmente da queda nos preços da cana-de-açúcar, que produziu o recuo de 5,43 % no índice de produtos de origem vegetal (IqPR-V).

Já os produtos de origem animal (IqPR-A) tiveram significativa alta de 43,30% durante o ano de 2007. Esse crescimento dos preços dos produtos animais ocorreu notadamente no segundo semestre. Os dados fazem parte de levantamento divulgado pelo Instituto de Economia Agrícola do Estado de São Paulo (IEA-SP). A alta dos preços de produtos de origem animal derivou das elevações relevantes dos preços das carnes (bovina, suína e frango) e do leite.

Já no caso dos produtos de origem vegetal, a enorme importância da cana-de-açúcar no valor da produção da agropecuária paulista produz uma distorção na leitura do comportamento dos preços. E os preços da cana-de-açúcar recuaram como decorrência das menores cotações internacionais do açúcar, impactando a diminuição dos índices agregados. Isto fica nítido quando se calcula o índice de preços agropecuários sem considerar a cana para indústria.

Nessa situação, os produtos animais não têm seu comportamento alterado, enquanto o índice de produtos vegetais sem cana mostra aumento de 29,83% durante o ano de 2007. Entretanto, a maioria dos lavradores paulistas não obteve ganhos adicionais com essa elevação dos preços, dado que o índice de produtos vegetais apresentou queda de 22,91% entre fevereiro e julho do ano, período que corresponde exatamente à concentração da colheita, em que a maior parte do produto obtido foi comercializada. Sem considerar a cana, verificou-se a nítida tendência de alta dos preços agropecuários paulistas no segundo semestre de 2007, para o que convergem tanto os produtos de origem vegetal como os de origem animal.

Pela condição de formadora de preços em toda a agricultura brasileira, a economia paulista acaba balizando as tendências de preços para todo o território nacional, com as diferenças de cotações refletindo principalmente nos custos de transportes e outros custos de transação. Tanto assim que os principais negócios em bolsa de mercadorias se acabam concretizando, parametrizados por cotações colocadas no mercado paulista. Por ser o maior consumidor nacional, este mercado conforma-se no destino de parcela relevante dos produtos agropecuários.

Essa constatação fica nítida quando se constróem os índices de preços agropecuários paulistas, tendo como base a representatividade nacional em termos de valor da produção. Nesse caso, o IqPR (Br) mostra elevação de 32,46% durante o ano de 2007, com aceleração no segundo semestre, dado que até maio se nota queda desse indicador. Os preços dos produtos vegetais recuaram até julho e, partir daí, cresceram significativamente, acumulando 21,97% no ano.

Já os produtos animais, durante todo o ano de 2007, tiveram índices sempre maiores que os de dezembro de 2006, embora tenham recuado de fevereiro a maio, quando passaram a apresentar incrementos, acumulando alta de 44,84% em todo ano. Na verdade, ao se excluir a cana para indústria em decorrência da enorme participação dessa lavoura no valor da produção paulista, os índices de preços agropecuários construídos, tendo como base a representatividade nacional, mostram comportamento similar aos concebidos com representatividade estadual.

O IqPR (S/cana) com representatividade estadual teve alta de 37,58% durante o ano de 2007, superior à do IqPR (Br) de representatividade nacional que revelou elevação de 32,46%. Isso confirma a condição da economia paulista de formadora de preços na agropecuária brasileira, com o que, em termos de tendências, se pode verificar a evolução nacional com base em informações estaduais.

A alta dos preços agropecuários, em especial no segundo semestre de 2007, reflete a convergência de preços internacionais elevados para commodities, como soja e milho, com maiores preços internos do feijão, batata, banana nanica e carne bovina.

No caso da agropecuária paulista, os preços da cana-de-açúcar, lavoura com maior área plantada e maior valor da produção agropecuária do Estado (VPA), recuam em função da diminuição dos preços internacionais do açúcar, associada ao fato de que não ocorreu um avanço significativo no mercado externo de álcool combustível, que enfrenta também travas internas à sua expansão por disparidades tributárias entre as unidades da federação.

O aumento do consumo de etanol mostra-se em grande medida um fenômeno paulista, face à redução do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) promovida pelo Governo Estadual.

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