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Preço menor faz produtor elevar armazenagem nos EUA

O preço dos produtos agrícolas teve forte redução após a crise financeira de 2008, o que colocou muitos produtores em alerta.

O pessimismo inicial não se confirmou, e os produtos obtiveram preços remuneradores nos anos seguintes. Seca e apetite chinês ajudaram a manter as commodities em patamares elevados.

Previsões nesse setor são sempre arriscadas, uma vez que uma série de fatores interfere na produção. Há um consenso, no entanto, sobre a ideia de que os estoques mundiais estão se recompondo e os preços deverão cair.

As previsões mais pessimistas já indicam milho abaixo de US$ 3 por bushel em três anos. Ontem estava a US$ 4,5 em Chicago. A soja recuaria para US$ 7.

Preocupada com os períodos de instabilidades, parte dos produtores dos EUA elevou em 63 milhões de toneladas o potencial de armazenagem de grãos nas suas propriedades desde 2008. Esse volume representa 75% da safra de soja que deverá ser colhida neste ano.

John Wilson, fazendeiro de Ohio e que planta 1.600 hectares, diz que o produtor tem de ter controle de seu produto. O avanço da produção mundial tornou o mercado incerto na hora de vender.

Pode haver quebra, mas também excesso de produto. Além disso, outros fatores externos às lavouras interferem. O produtor deve ter o poder de decisão da venda no melhor momento, segundo ele.

O que vale para os preços dos produtores nos Estados Unidos vale também para os do Brasil, que, mesmo com o anúncio de incentivos do governo em armazenagem, poderão ter dificuldade para investir a partir de agora se houver queda dos preços.

Carlos Fávaro, presidente da Aprosoja (associação de produtores de Mato Grosso), concorda com Wilson. Ele acredita que o produtor brasileiro deveria ter aumentado a capacidade de armazenagem neste período de boa remuneração das commodities.

“Muitos optaram por mais terra e mais colheitadeiras, mas sem armazenagem o produtor pode perder o mando de seus negócios”, disse no evento Caminhos da Safra, da revista “Globo Rural”.

Para Fávaro, a armazenagem não está muito no perfil do produtor brasileiro, mas é hora de ele começar a investir. “O produtor deveria manter parte da produção para a comercializar mais tarde.”

Felix Schouchana, especialista no setor de grãos, coloca um contraponto nessa discussão. Se é tão bom ter um maior volume de estocagem nas fazendas, por que o produtor não investe?

Schouchana montou duas tabelas com os preços do milho no mercado futuro desde março. Uma com os preços da BM&FBovespa e outra com os preços que deveriam ocorrer para que os custos de armazenagem e de seguro fossem remunerados.

Para ele, produtores, intermediários e tradings não investem muito em armazenagem no Brasil porque o mercado futuro não remunera esses custos.

Outra razão que ajuda a explicar o baixo investimento em armazéns nas fazendas é que nos últimos anos a taxa de juros básica da economia brasileira tem sido elevada.

É melhor vender logo, pagar as dívidas e investir o dinheiro, em vez de esperar para vender o produto no futuro, acrescenta ele.

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