Mercado

Preço internacional acelera exportação de soja do Brasil

Os registros de exportação referentes aos embarques brasileiro de soja em grão desta safra 2003/04 somaram 9,510 milhões de toneladas até o último dia 15 de fevereiro, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) compilados pela Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).

O total registrado responde por 37,7% dos embarques projetados pela entidade para entre fevereiro deste ano e janeiro de 2005. Em 15 de fevereiro de 2003, os registros correspondiam a 42,4% das exportações previstas pela Abiove para entre fevereiro daquele ano e janeiro passado.

Ainda assim, o ritmo de 2004 está acelerado. Até meados de 2000, os registros somavam 15,3% do total estimado pela Abiove para o ano; em 2001, o percentual era de 14,1%, e em 2002, 25,2%.

No caso do farelo de soja, os registros de exportação computados até 15 de fevereiro alcançaram 3,603 milhões de toneladas, ou 22% do total estimado pela Abiove para entre fevereiro e janeiro de 2005. Para o óleo, os registros atingiram 533 mil toneladas, ou 19,1% do total a ser embarcado até janeiro próximo, segundo a Abiove.

O principal motivo apontado por especialistas para a atual aceleração dos embarques do grão é o elevado patamar das cotações no mercado internacional.

Ontem, em Chicago, os contratos com vencimento em maio – que sinalizam preços para a comercialização da safra brasileira – fecharam a US$ 9,5750 por bushel, em alta de 20 centavos de dólar. É o patamar de cotações mais elevado em 15 anos e meio, e a variação foi determinada, uma vez mais, pelo clima na América do Sul.

Cálculos do Valor Data indicam que, do início do ano até ontem, a valorização acumulada dos contratos de segunda posição chegou a 26,59%; nos últimos doze meses, alcança 66,52%. É um contraste com as cotações praticadas no mercado interno, que estão em queda. No interior do Paraná, a saca ainda sai por cerca de R$ 45, mesmo nível praticado há 60 dias.

“Março começou com todas as atenções na América do Sul”, disse Fernando Muraro, analista da Agência Rural. Segundo ele, nos últimos dias choveu menos do que o necessário em regiões produtoras da Argentina e do Sul do Brasil que nas últimas semanas já haviam começado a amargar perda de produtividade com a estiagem.

Muraro também salienta o avanço da ferrugem da soja no Centro-Oeste e, mais recentemente, no Paraná. Causado por um fungo, o mal derruba a produtividade da soja e pode ser combatido com fungicidas específicos. Mas, no caso do Centro-Oeste, os cuidados que vinham sendo tomados pelos produtores foram prejudicados justamente pelo excesso de chuvas, que também vem atrasando a colheita. No Mato Grosso, diz Muraro, 70% da safra de soja já foi negociada; no Rio Grande do Sul, onde a colheita tem início neste mês, o percentual ronda 30%

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