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Preço do etanol tem queda de 2,5% nas bombas de um mês a outro

Com o início da safra de cana-de-açúcar, que acontece entre os meses de abril e maio, o preço do etanol começa a cair nas bombas de Sorocaba. De acordo com levantamento semanal feito pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), na cidade, entre os dias 24 de junho e 21 de julho, houve retração de quase 2,5% com o litro do etanol passando de R$ 1,707 para R$ 1,665 em média. Apesar desse cenário, o setor não vai bem. Segundo o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados (Sincopetro – Sorocaba), o Brasil tem importado etanol para dar conta da demanda interna e a falta de ação do governo agrava ainda mais a situação, que pode se complicar no médio e longo prazo.

Além do início da safra, a queda da demanda externa por açúcar também impactou positivamente o mercado nacional que tem maior oferta do produto. Mesmo com o preço mais baixo, alguns consumidores proprietários de carros bicombustíveis ainda optam pela gasolina. Segundo o frentista de um posto no Alto da Boa Vista, Carlos Alberto de Lima, os clientes ainda preferem abastecer seus carros com gasolina. No estabelecimento em que trabalha, diz ele, o etanol começou a registrar queda no preço há duas semanas, aproximadamente. “Mas ainda assim a gasolina está saindo mais. Apesar do preço mais em conta, a gasolina rende mais”, pondera ele.

Para o motorista Luiz Antônio Amadio, de 57 anos, a gasolina é mais rentável e, o custo maior é compensado pelo rendimento. “A diferença (entre o preço da gasolina e do etanol) é pouca. São 80 centavos por litros e a gasolina rende muito mais”, comenta. Para fazer as entregas, ele roda mais de cem quilômetros e gasta R$ 50 em combustível diariamente. O desempenho do automóvel também é o parâmetro utilizado pela aposentada Irani Casque Lourenço, 58, na escolha do combustível. Ela conta que percebeu uma tímida queda nos preços do etanol mas, ainda assim, continua preferindo a gasolina. “Eu meço pelo rendimento. Sei que tem a conta dos 70%, mas levo mais em conta o rendimento mesmo”, afirma a aposentada.

Preocupação no setor

Apesar da atual queda no preço médio do etanol, o setor está preocupado, diz o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados (Sincopetro – Sorocaba), Jorge Marques. Ele afirma que, por conta da inércia do governo, investimentos importantes não estão sendo feitos e o Brasil, diz ele, está importando o combustível para dar conta da demanda interna. A produção nacional, segundo Marques, está no mesmo nível registrado em 2006. “Estamos andando para trás e, inversamente, há um aumento expressivo da demanda”, lamenta. O representante dos proprietários de postos de combustíveis de Sorocaba afirma que o governo anunciou linhas de créditos para as usinas mas ainda não regulamentou como a liberação será feita.

Outra inércia por parte do governo citada por Marques é a falta de regulamentação da produção e venda do etanol. Desde o ano passado o derivado da cana-de-açúcar passou a ser classificado como combustível. Até então, o produto era considerado uma commodity e, por isso, ficava exposto às condições mercadológicas, levando insegurança tanto para os produtores quanto para os consumidores. Com a modificação da classificação, o etanol passa a ser considerado produto estratégico e, entre outras coisas, força a formação de um estoque de segurança.

“Como existem questões que não se resolvem por interferência do governo, os empresários ficam sem estímulos para fazer investimentos importantes”, afirma Marques. O cenário deve manter-se estável até o mês de novembro, quando a safra é encerrada. A partir daí, diz o presidente do Sincopetro Sorocaba, fica difícil fazer qualquer previsão pois existem diversas variáveis que influenciam no comportamento desse mercado.

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