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Preço do álcool volta a subir e faz a demanda cair no país

As usinas sucraolcooleiras estão perdendo participação no mercado de álcool combustível do país. A alta dos preços do produto tem desestimulado o consumidor a abastecer com álcool. A demanda mensal caiu 13,6% nestes últimos dois meses. Reflexo disto é que venda de álcool das usinas para as distribuidoras recuou de 1,1 bilhão de litros/mês para 950 milhões de litros desde maio, de acordo com a União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica).

Nos últimos 12 meses, os preços do combustível registraram uma alta de 33%, segundo o Cepea. O litro do hidratado fechou a R$ 1,06 (com impostos), posto usina, na sexta-feira passada, de acordo com levantamento semanal do órgão. O litro do anidro (misturado à gasolina) encerrou a R$ 1,072 (com impostos) no mesmo período.

A alta dos preços reflete os crescentes volumes de exportação de álcool, os bons preços do açúcar no mercado internacional e a expectativa de queda na produção de cana no Centro-Sul por conta da seca na região, segundo analistas ouvidos pelo Valor. O açúcar está remunerado 30% mais que o álcool, de acordo com levantamento da Job Economia e Planejamento.

Em pleno pico da colheita de cana, as cotações do álcool são praticamente as mesmas verificadas no início deste ano – entressafra da cultura no Centro-Sul do país. O horizonte para os preços no segundo semestre deste ano indicam novas altas, segundo analistas de mercado. “Não há espaço para que os preços caiam”, disse Júlio Maria Martins Borges, presidente da Job. Segundo ele, a safra está mais açucareira.

Levantamento da Unica mostra que, até o dia 1º de julho, as usinas colheram 31% da área de cana no Centro-Sul, com o processamento de 109 milhões de toneladas de cana, segundo a Unica. Foram produzidos no período 8,04 milhões de toneladas de açúcar, 23,7% mais que em igual período de 2005, e 4,9 bilhões de litros de álcool, 14% mais que em igual período do ano passado. A Unica afirma que o “mix” de produção até o momento está em 50,23% para o álcool e 49,77% para o açúcar.

Dados semanais da Agência Nacional do Petróleo (ANP) indicam que em apenas poucos Estados do país o abastecimento com álcool é mais vantajoso, ou seja, até 70% do preço da gasolina. Em São Paulo, o preço médio do álcool nas bombas sai a R$ 1,311, 54% dos preços da gasolina. No Estado do Paraná, o litro sai a R$ 1,516, 59% do litro da gasolina. Em Santa Catarina, a paridade é de 67% para a gasolina. Em Goiás, a paridade é de 60,4%, com o litro do álcool a R$ 1,557.

Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da Unica, reconhece que a alta dos preços do álcool inibe o consumo do álcool. Segundo ele, a escolha de abastecer com álcool ou gasolina depende do consumidor e o fator preço é preponderante nesta escolha.

Desde junho, a ANP passou a receber dados de cerca de 80% das usinas sobre volumes de produção e estoque de álcool. Em 30 dias, a ANP deverá concluir estudos para ter dados de oferta e demanda de álcool. “Vamos ter um quadro completo de consumo mensal e de produção necessária para evitar o desabastecimento”, disse Roberto Ardenguy, superintendente de abastecimento da ANP.

Com esses dados em mãos, Ardenguy informou que o governo terá condições de criar mecanismos para evitar o desabastecimento no país. O governo não descarta, em último caso, intervir nos estoques das usinas para garantir o produto.

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