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Preço do álcool reacende discussões

Quem consome frutas da estação evidentemente que demonstra não apenas que é inteligente – porque paga menor preço – mas também que respeita a própria natureza. Estação é uma terminologia do setor de serviços que o varejo – que muitos analistas insistem em colocar como uma das modalidades de serviço – encampa.

Estação em agricultura chama-se safra.

Safra é uma palavra que vem do árabe – safara – que significa a contagem da colheita. Tem, por isto, a mesma raiz de cifra, que pode ser sinônimo de número.

Os combustíveis não têm estação. Mas o álcool – combustível limpo, que está sempre em paz com o meio ambiente – tem safra. Aliás, quem tem estação e, por conseguinte, safra é a cana-de-açúcar de onde se extrai o nosso álcool. O álcool de cana é o etanol.

Quem consome álcool fora da estação, fora da safra corre o risco de pagar mais caro. Como acontece com as frutas e com todos os produtos que têm safra e entressafra. Os recentes e discutidos aumentos nos preços do álcool trouxeram diversos atores em cena. O governo foi um deles. O consumidor, claro, outro. Os produtores, também. Os distribuidores, idem.

O governo anunciou intervenção no mercado. O governo controlaria os preços. Como faz com a gasolina. Só que a gasolina – derivado de petróleo – é um preço público, uma tarifa. No presente momento, por ser tarifa, quem não consome gasolina, quem não tem automóvel acaba pagando parte do preço do produto de quem o consome. Já o álcool tem preço determinado pelo mercado. Por isto ele oscila tanto.

Uma intervenção do governo, inclusive alterando parte do aditivo, que viria de 25% para 20%, como em toda intervenção governamental, acabaria criando dois problemas para cada um que resolvesse. Isto se efetivamente resolvesse. E isto não é marca deste governo. É de todos. E de todos países, diga-se.

Já os produtores, quando percebem que começam a receber muita crítica – natural num regime de livre pensamento e de livre opinião – através de suas entidades, insistem em pedir que o governo forme estoques reguladores. Mais uma intervenção.

Isto é cultura. Os agentes econômicos – produtores, consumidores, trabalhadores, todos enfim – quando se deparam com os imprevistos da competição, com as dificuldades naturais do mercado, pedem governo. Logo, pedem mais problemas. Mais para o futuro do que para o presente.

Os produtores precisam: 1- de viabilizar o álcool (etanol) para ser também comercializado no mercado futuro. Atualmente ele é transacionado apenas no mercado spot, isto é, a vista; 2- de formar estoques reguladores por iniciativa própria, sem intervenção do governo.

Os consumidores estão envenenados novamente contra o setor que produz. Eles lembram de 1989, aliás. E o setor precisa entender que: 1- está perdendo em imagem, que é o que conta; 2- está perdendo condições de solicitar brechas para exportar porque não está conseguindo sequer suprir o mercado interno de álcool.

Juízo, pois.

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