Mercado

Preço do álcool encarece 4,12%

O preço do álcool está subindo tanto que em alguns estados do país já vale mais a pena encher o tanque de gasolina. Em algumas cidades, o preço do litro passou de R$ 1,890 na semana de 29 de agosto a 4 de setembro, segundo levantamento da Agência Nacional do Petróleo (ANP). O surpreendente dessa alta é que ela está acontecendo em plena safra, momento em que tradicionalmente o preço sofre queda devido ao aumento da oferta do produto no mercado.

Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que em julho os preços tiveram alta de 1,52% na média de 11 regiões metropolitanas do país. Em agosto, a elevação foi de 4,12%. No mercado futuro de álcool, na Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros (BM&F), o preço do produto já ultrapassa R$ 1. A razão da elevação dos preços está justamente no fato de que este ano os produtores estão podendo estocar maior quantidade de etanol para ofertar na época da entressafra, quando o preço é mais alto. Segundo analistas, o que está dando esse fôlego a mais ao setor é que as usinas estão mais capitalizadas.

O setor recebeu novos recursos, com a entrada de grandes grupos no mercado, como Petrobras e Bunge, e a aquisição de usinas como a Santa Elisa. Agora conta também com mais um agente no mercado, a Empresa Comercializadora de Etanol (ECE), criada pela Agência Nacional do Petróleo com o objetivo de regular a oferta.

Além disso, neste ano já está disponível às empresas a linha de US$ 2,4 bilhões para a estocagem do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Com o financiamento, as usinas podem armazenar o álcool na safra e vendê-lo na entressafra, quando o preço é mais alto. Até o momento, o BNDES desembolsou R$ 500 milhões dessa linha para as empresas, tem aprovados R$ 105,3 milhões em créditos para serem repassados aos empresários e analisa pedidos que somam R$ 449,3 milhões. De acordo com o banco, o objetivo do financiamento é atuar como um regulador de mercado para garantir que não haja sobrepreço na entressafra.

“Houve uma grande mudança de perfil da safra passada para a atual. Na passada, as empresas não estavam tão capitalizadas e não havia disponibilidade de crédito como agora. O preço na produção foi para abaixo de R$ 0,60. Agora, chegou a R$ 0,85”, afirma o diretor técnico da União da Indústria de Cana de Açúcar (Unica), Antonio de Pádua Rodrigues, que considera o fenômeno positivo para o consumidor. “Os preços nesse mercado eram muito voláteis. No último ciclo, depois de passar a menos de R$ 0,60 na safra, dobraram para R$ 1,20 na entressafra e reduziram a demanda.

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