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Preço do álcool cai 16,3% na região de Ribeirão Preto

O preço do álcool nos postos de combustíveis de Ribeirão Preto caiu 16,3% nas últimas quatro semanas e o preço médio do produto hoje é de R$ 1,142. Já a gasolina teve queda menos acentuada nas bombas, de 2,67%, e custa, em média, R$ 2,473.

Os números são da pesquisa de preços da Agência Nacional do Petróleo (ANP), no período de 23 de março a 19 de abril, feita em 60 postos de combustíveis da cidade. Para o álcool, o valor mínimo encontrado foi de R$ 1,069 e o máximo de R$ 1,199. A gasolina mais cara custa R$ 2,56 e a mais barata, R$ 2,39.

Para Marco Antônio Conejero, economista do Centro de Conhecimento em Agronegócios e Centro de Estudos em Marketing e Estratégia (Pensa/Markestrat) da USP de Ribeirão, a queda mais acentuada no preço do álcool deve-se ao final da entressafra e à maior oferta do produto.

“As usinas seguraram os estoques de álcool por conta do período em que não moem cana. Agora, como há grande quantidade do produto estocado, elas baixaram os preços porque precisam libera-lo para o início da nova colheita. O preço do álcool deve continuar em queda, até chegar próximo a R$ 1”, disse.

Conejero ainda afirmou que a redução do preço da gasolina está ligada à queda do preço do álcool, que compõe 25% da mistura do produto. “Além da mistura, o preço do álcool já começa a incomodar a Petrobrás, já que a frota do país passa por renovação e muitos carros hoje só rodam à álcool.”

O presidente regional do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo (Sincopetro), Oswaldo Manaia, disse acreditar que o álcool é um produto que já causa mal-estar à Petrobrás. “Se a estatal repassar os preços para as distribuidoras, vai acelerar o processo de substituição da frota, já que os financiamentos são mais fáceis hoje e a gasolina tem maior taxação de impostos.”

O representante regional da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Única), Sérgio Prado, disse que, apesar do consumo ter avançado, a oferta do produto ainda é maior. “O mercado interno ainda é o grande consumidor do álcool produzido no Brasil. As empresas estão praticando os menores preços que podem, dentro de uma margem que ainda permita remuneração.”

A reportagem da Gazeta entrou em contato com o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom), mas ninguém falou sobre o assunto.

Queda na gasolina é pequena

A gasolina teve recuo de preço mais tímido do que o álcool, o que pode representar economia para proprietários de frota, mas menos perceptível ao consumidor comum. É o caso da administradora de empresas Cristina Ibler Fracon, 39 anos, que viaja aos finais de semana para ver parentes e amigos.

“Ainda pago quase a mesma coisa, a redução de preços não foi tão acentuada”, afirmou ela, que disse que o produto está mais barato em outras cidades pelas quais passa. “Na capital e em Minas Gerais pago mais barato na gasolina. Já encontrei o produto a R$ 2,40 na bomba”, disse.

O consumidor Ed Carlos de Oliveira, 31, disse que se o preço da gasolina caísse mais, perto de R$ 2, a diferença no bolso seria maior no final do mês. “Gasto cerca de R$ 50 por semana para abastecer o carro. Pelo menos metade do salário fica nos tanques dos veículos”, afirmou. (GT)

Combustível compensa

Estudos indicam que ainda é mais vantajoso abastecer os veículos bicombustíveis com álcool do que com gasolina, mesmo com a queda sofrida nas últimas quatro semanas, conforme apontou pesquisa da ANP. De acordo com o professor da Escola de Engenharia de São Carlos Antônio Moreira dos Santos, é preciso fazer um simples cálculo para avaliar com qual dos produtos compensa abastecer o veículo bicombustível.

“O motor, quando movido à álcool, rende aproximadamente 30% menos do que quando roda com gasolina, ou seja, o carro gasta 30% mais álcool do que gasolina para andar a mesma distância.” O professor disse que é preciso multiplicar o preço da gasolina por 0,7 (o que representa 70%). Se o resultado obtido for maior do que o preço do álcool, ainda é mais viável abastecer o veículo com gasolina.

Por exemplo: no caso de Ribeirão Preto, onde o preço médio da gasolina é de R$ 2,473, multiplica-se o valor por 0,7. O resultado é R$ 1,73, preço maior do que o valor médio nos postos da cidade (de R$ 1,142), o que mostra que ainda é viável abastecer o veículo bicombustível com álcool. (Guilherme Tavares)

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