Preço do açúcar já subiu mais de 30% este ano

Depois da disparada do preço do álcool, agora é a vez do açúcar. Desde o início do ano, a cotação do produto subiu mais de 30% das usinas para os supermercados, segundo o presidente da Associação Paulista de Supermercados (Apas), Sussumu Honda. As negociações entre a indústria e o comércio estão difíceis por causa da forte pressão por aumentos exercida pelos fabricantes e já começam ocorrer falhas pontuais no abastecimento de determinadas marcas. “Estamos repassando os aumentos a conta-gotas porque o consumidor reclama”, diz o presidente da Apas. Pesquisa da cesta básica do Procon de São Paulo mostra que o preço do açúcar subiu 13,84% entre a primeira semana de janeiro até a última quinta-feira.Empresários do setor de supermercados falam que os reajustes de preços para este mês são de 7% e já se fala em outro aumento.

O Wal-Mart confirma, por meio de sua Assessoria de Imprensa, que a pressão das usinas por aumentos é forte desde dezembro e que já repassou aumentos da ordem de 20%.

Honda teme que os consumidores começam a assistir ao mesmo filme do álcool. “Eles viram as torneiras para onde querem”, observa um empresário do setor que não quer ser identificado, fazendo menção a maior proporção no processamento da cana para álcool em detrimento do açúcar.

Melchiades Donizete Terciotti, diretor da Usina Nova América, que tem 46% do mercado doméstico de açúcar, nega falhas no abastecimento, mas confirma o aumento. Ele atribui a elevação de 55% da cotação em dólar do açúcar na Bolsa de Londres desde novembro e de 62% do açúcar demerara no mesmo período à oferta apertada. “O mundo está demandando mais açúcar.” Como o produto é uma commodity, o preço doméstico segue a cotação internacional. No atacado, o açúcar subiu 42% desde novembro. A Unica, que reúne as usinas, diz que não há remanejamento da produção de açúcar para álcool pois a safra terminou em dezembro e a cana já foi processada.