JornalCana

Preço derruba álcool

A indústria automotiva comemora o aumento das vendas de veículos com motor bicombustível em todo o País, mas os mineiros não estão abastecendo seus carros com álcool. De acordo com o Sindicato da Indústria do Açúcar e Álcool no Estado de Minas Gerais (Sindaçúcar-MG), o consumo de álcool no Estado caiu 16% no primeiro semestre em relação a igual período do ano passado. “O carro bicombustível não usa álcool, apenas gasolina. Só os carros movidos exclusivamente a álcool estão consumindo o combustível”, afirma Luiz Custódio Cotta Martins, presidente do Sindaçúcar-MG.

Segundo ele, o baixo consumo de álcool em Minas é explicado pelo Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) sobre o produto, que é de 25%. Em São Paulo, onde o tributo foi reduzido para 12% desde o início de 2004, o consumo de álcool nos primeiros seis meses do ano aumentou 54%. “São dois perdedores: o consumidor, que paga mais caro, e o Estado, que perde investimentos no setor. O imposto tem que ser reduzido o quanto antes”, ressalta Martins.

Para valer a pena abastecer com álcool, o litro deve custar 70% do preço da gasolina. Segundo a última pesquisa da Agência Nacional do Petróleo, realizada de 7 a 13 de agosto, o preço médio da gasolina nos postos da capital mineira era de R$ 2,095 e o do álcool, R$ 1,443, valor pouco abaixo dos 70%, que dariam R$ 1,466. Em São Paulo, nesse mesmo período, enquanto o preço médio da gasolina era de R$ 2,145, o álcool era vendido a R$ 1,065 o litro, mais de 50% abaixo. De acordo com o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Minas Gerais (Minaspetro), é possível encontrar álcool mais barato em Belo Horizonte, mas o consumidor tem que pesquisar.

No Posto Tigre, onde o litro da gasolina era vendido ontem a R$ 1,999 e o álcool a R$ 1,499, o maior consumo dos carros bicombustíveis é de gasolina. “A maioria dos clientes mistura mais gasolina que álcool. Outros colocam meio a meio e há aqueles que colocam só gasolina. Ninguém põe só álcool”, afirma Luiz Pinto de Castro, dono do posto. O carro do taxista José Maria Pinheiro é movido a gasolina. Ele não quer mudar para o bicombustível. “Não vale a pena. A pouca economia que se faz no preço do álcool em relação à gasolina se perde no consumo. Dá na mesma”, diz. “Aliás, no Brasil, tudo é caro. A economia que se faz em um ano se perde em outro. Eu mesmo já tive prejuízo com a conversão para gás”, observa.

Dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) mostram que, de janeiro a julho, foram vendidos 381,1 mil carros bicombustíveis, o que representa 42,4% do total de vendas. Ao analisar todo o período, houve uma evolução de 32 pontos percentuais na participação do total das vendas, passando de 27% em janeiro para 59% em julho.

Inscreva-se e receba notificações de novas notícias!

você pode gostar também
Visit Us On FacebookVisit Us On YoutubeVisit Us On LinkedinVisit Us On Instagram