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Pré-sal pode ser risco para programas de energia alternativa, diz negociador francês

Os megacampos de petróleo encontrados na camada pré-sal do litoral brasileiro podem representar um risco para os programas de energia alternativa do país. A afirmação é do embaixador especial da França para Negociações sobre as Mudanças Climáticas, Brice Lalonde, que também já foi ministro do Meio Ambiente francês.

Lalonde disse que o Brasil precisa tomar cuidado para não parar ou reverter os grandes avanços que o país conseguiu com políticas como o desenvolvimento do etanol ou o uso de hidrelétricas para geração de energia.

“O país tem carros andando com a tecnologia flex [gasolina e álcool] e tem muita hidrelétrica. E, de repente, encontra um tesouro.” Então, afirmou Lalonde, a tendência é o país sentir que pode relaxa! r, ser tentado a relaxar. “Eu não sei [se o Brasil relegará programas como o etanol]. O que eu acho é que, quando você encontra um tesouro, isso muda sua vida, um pouco, e você começa a pensar ‘o que eu vou fazer com esse tesouro?’”, alertou o especialista francês.

O secretário nacional de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Brasil, Altino Ventura Filho, explicou que o petróleo ainda não é substituível, principalmente como combustível de veículos, e tanto o Brasil como o resto do mundo precisam dessa fonte de energia. Segundo o secretário, o esforço para desenvolver combustíveis alternativos ao petróleo é uma questão de mercado e do preço do petróleo no cenário internacional.

“Tudo vem pela chamada lei da oferta e da procura. O preço do petróleo segue essa lei. O que acontece, em termos práticos, é que as fontes alternativas que sejam competitivas como o petróleo serão desenvolvidas, como estão de fato sendo desenvolvidas. O Brasil está dando um exemplo com o! etanol e com opções de geração de energia elétrica que passam longe dos combustíveis fósseis, como a eólica e a biomassa”, destacou Ventura.

O negociador francês Brice Lalonde afirmou que, apesar das preocupações que possam ser geradas com a descoberta de óleo no pré-sal e do desmatamento que ainda atinge a Amazônia, o Brasil é um exemplo para o mundo e pode agir como um mediador nas negociações sobre mudanças climáticas.

“O Brasil já fez esse papel, basta lembrar que a Convenção do Clima foi assinada no Rio de Janeiro em 1992. Brasil já tem um papel importante em negociações, com negociadores muito bons, e tem enormes ativos e potencial, inclusive internamente, para vir à mesa e dizer: ‘Olhem para o que nós estamos fazendo’”, ressaltou Lalonde.

Ele concorda com a proposta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que representantes das principais nações se reúnam antes da Conferência Global das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que ocorrerá em dezembro! , em Copenhague, na Dinamarca, principalmente se o encontro envolver chefes de Estado.

“Isso seria muito útil, porque Copenhague tratará do futuro do planeta. É muito, muito importante que [a conferência] engaje todas as economias [países]. E esse é o motivo pelo qual nós precisamos de chefes de Estado. Somente chefes de Estado podem fechar um acordo”, disse Lalonde.

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