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Praga da cana ativa fungicida contra podridão vermelha, diz pesquisa

Especialistas da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), da Universidade de São Paulo (USP) campus de Piracicaba e de Ribeirão Preto, e do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bietanol (CTBE), descobriram que a proteína sugarina induzida pela atuação de um inseto (broca da cana–de–açúcar) tem atividade antifúngica, atuando contra os fungos que causam a podridão vermelha Fusarium e Colletotrichum da cana–de–açúcar. Para os pesquisadores, o resultado desse estudo colabora diretamente para a produtividade da cana–de–açúcar, uma vez que os prejuízos causados pelo fungo Fusarium são bem maiores que os causados pela lagarta Diatraea saccharalis.

Segundo a descoberta, para a produção desta planta, o resultado da pesquisa proporciona um manejo integrado de pragas e o uso da proteína pode representar menor impacto ao meio ambiente, devido a utilização de plantas resistentes e um fungicida originário da própria cana–de–açúcar.

O estudo pretendia caracterizar a expressão do gene da proteína sugarina (sugarwin). Com isso, seria possível embasar o pedido de patente do promotor desse mesmo gene. No entanto, os resultados dos experimentos surpreenderam os pesquisadores, que perceberam a possibilidade da ação antipatogênica da proteína. Isso porque, segundo os pesquisadores, essa proteína não teve efeito algum na lagarta Diatraea saccharalis, que penetra na cana–de–açúcar, e sim, sobre os fungos que a invadem por um orifício deixado pelo ataque da broca – como também é conhecida a lagarta.

Ane Hackbart de Medeiros, pesquisadora do projeto e docente do Departamento de Ciências da Natureza, Matemática e Educação (DCNME) da UFSCar, diz que o gene da sugarina faz parte da resposta ao ferimento, pois responde ao dano mecânico (destruição do tecido vegetal). Ela também complementa que onde o dano na cana–de–açúcar está sendo feito de forma constante, o gene atinge níveis de ação bem altos após 24 e 48 horas.

De acordo com a pesquisa, o efeito da proteína no desenvolvimento da broca da cana foi investigado através da incorporação dela na dieta do inseto e o efeito da sugarina no desenvolvimento do fungo Fusarium foi investigado por meio da incorporação da sugarina no meio de cultivo de fungos. “Os resultados mostraram que a ação do gene é tardia, atinge altos níveis 48 horas após o dano causado na cana–de–açúcar pelo fungo. Além disso, a ação é localizada nos tecidos atingidos, diferente da maioria dos genes ativados por insetos em que é expressa em todos os tecidos da planta. Concluiu–se também que a sugarina é secretada no meio extra–celular, justamente onde os fungos colonizam antes de entrar na célula da cana. Por fim, o estudo confirmou que a proteína não teve nenhum efeito de mortalidade ou no desenvolvimento da lagarta Diatraea saccharalis, porém afetou o fungo Fusarium”, revelam os pesquisadores. 

Para Ane de Medeiros, esse é o grande diferencial do trabalho: “Uma proteína que é ativada pelo inseto e que tenha ação não no próprio inseto, mas sim nos fungos oportunistas que colonizam o caule da cana–de–açúcar, após o ataque da broca”, revela Medeiros. 

A pesquisadora explica também que a proteína sugarina atua como um fungicida. Ela afirma que a possibilidade do fungo obter resistência à ação da sugarina é pequena a curto prazo, pois estudos indicam que fungos obtêm resistência quando recebem altas doses de um fungicida, o que não acontece nesse caso, haja vista que a sugarina só é produzida quando há necessidade.

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