Em 3,3 milhões de hectares de agave é possível produzir 30 bilhões de litros de etanol. Para se produzir essa mesma quantidade, usando como fonte a cana-de-açúcar, seriam necessários 4,5 milhões de hectares.
Uma outra diferença é que o agave é resistente a áreas como o semiárido do sertão do Nordeste brasileiro, onde não é possível plantar outra cultura.
“Essas incríveis plantas poderão provocar uma revolução no sertão Brasileiro e demais áreas do semiárido do mundo”, afirmou o professor da Unicamp, Gonçalo Pereira, que integra a equipe de pesquisadores do programa BRAVE, criado para fomentar a produção de bioenergia através do agave.
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O programa conta com a participação da Universidade Estadual de Campinas, SENAI CIMATEC, e Shell e busca desenvolver a cultura para ganhar maturidade empresarial. O agave é uma planta da espécie das suculentas, de porte gigante, conhecida por ser a principal matéria-prima para produção da bebida mexicana tequila.
“Durante o dia, com o sol, ela manda bala e faz a fotossíntese. Ela guarda o CO2 à noite e libera de dia, com a porta fechada. Aí é que entra a beleza do agave. Ela tem essa característica e ao mesmo tempo é altamente produtiva. Enquanto numa cana-de-açúcar, mesmo na cana-energia, é preciso 1.200 mm de água, essa planta pode produzir com apenas 300 mm de água (por ano). E de forma regular. Pode ser que tenha um ano em que não chova, mas ela não morre, continua crescendo”, aponta Gonçalo Pereira, que juntamente com Salomão de Sousa Medeiros (IFPB) e Edmundo Coelho Barbosa, presidente do Sindicato da Indústria de Fabricação do Álcool no Estado da Paraíba (Sindalcool), participaram de um webinar onde se avaliou o potencial do agave.
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A primeira etapa começou em novembro de 2022, na Unicamp, com o estudo das mudas ideais para o sertão.
Agora, o projeto avança em duas frentes de atuação: desenvolver soluções de mecanização para o plantio e colheita da agave, além de testes de cultivo para as variações da planta; e estudar tecnologias de processamento para produzir etanol de primeira e segunda geração.
As máquinas de plantio e colheita terão tecnologia do Cimatec e são uma novidade porque, ainda hoje, o cultivo da agave é totalmente manual. Não existe um equipamento dedicado à cultura.
A mecanização é fundamental para conseguir escala industrial, e avançar para o nível seguinte: a produção de biocombustíveis.