Mercado

Potência nos lácteos, Nova Zelândia conhece o álcool

O fazendeiro e empresário Alistair Polson, um dos maiores especialistas agrícolas da Nova Zelândia, chegou ao Brasil nesta semana curioso para conhecer uma usina de etanol. Sua primeira parada oficial foi em Piracicaba (SP), onde visitou as instalações da Cosan, a maior empresa do setor sucroalcooleiro do país. “É enorme”, diz. “Aquelas tubulações com o álcool passando são impressionantes”.

Ex-presidente do Federated Farmers – principal organização de agricultores neozelandeses -, Polson é uma espécie de “embaixador” do setor rural de seu país. É sua primeira visita ao Brasil e, como outros estrangeiros, ele quer compreender melhor as técnicas locais de produção do álcool. “O Brasil é líder mundial nesta área. Temos muito o que aprender sobre alternativas de combustíveis”.

A partir de 2012, a Nova Zelândia adotará a mistura de 3,4% de etanol em seus combustíveis. É pouco se comparado à mistura adotada em outros países, mas um grande avanço para quem hoje utiliza 100% de combustível fóssil. Sem terras disponíveis, o país terá provavelmente de importar. “Seria até possível desenvolver uma pequena usina de celulose, mas não temos terra. Também não temos clima para o plantio de cana”, diz.

Com uma agenda cheia, que inclui uma visita a investidores neozelandeses e encontros com o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, o empresário diz que a Nova Zelândia tem muitos interesses em comum com o Brasil. E não só em cooperação empresarial.

O Brasil é uma das saídas para a poderosa indústria de lácteos da Nova Zelândia. Com o tamanho do Rio Grande do Sul, o país não tem mais por onde expandir sua produção. Só em leite são 14 bilhões de litros por ano. Cerca de 95% da produção de lácteos é exportada, o que gera US$ 5 bilhões por ano ao país. “A demanda mundial por lácteos cresce a uma média de 2,5% ao ano”, diz Polson. “Para crescermos, temos de exportar nossas marcas”.

Uma delas é a Fonterra, a maior cooperativa neozelandesa, e talvez a marca local de lácteos mais conhecida no exterior. Desde 2003, ela atua no Brasil e em outros países da América Latina através de uma joint venture com a Nestlé, que criou a DPA (Dairy Partners Americas). A DPA já representa 24%% da captação total de leite no Brasil.

Há até pouco tempo, o Brasil importava lácteos da Nova Zelândia. Hoje, é concorrente, com exportações previstas em US$ 200 milhões em 2007, um recorde. “Isso não é problema, aprendemos a competir quando o governo cortou nossos subsídios”, sorri Polson. “Temos interesses comuns. Um deles é a liberalização comercial para produtos agrícolas. O Brasil é influente e pode nos ajudar nisso”.

Banner Revistas Mobile