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Porta-voz do setor planeja aporte

Uma história delicada é sempre muito difícil de se contar. Ainda mais quando se faz parte dela. Maurílio Biagi Filho não foge à regra. Para, pensa e pondera as palavras. “A Santelisa [ex-Santa Elisa] significou para mim uma vida inteira de trabalho”. Pausa. “Hoje é uma página virada”. Será?

Em 2002 o empresário deixou a companhia após um acordo com seus irmãos. Um acerto nem um pouco agradável. Na verdade, um desacordo entre eles, mas ninguém gosta de tocar nesse assunto. Nem Maurílio.

O fato é que o tema Santelisa ainda é muito sensível ao empresário. “Nasci lá. Nas minhas mãos, a Santelisa chegou a moer 7,01 milhões de toneladas. Isso foi entre 1997 e 1998, muito antes de a São Martinho [usina paulista do município de Pradópolis] ter batido essa marca [o q! ue ocorreu em 2008]”, lembra. “Enquanto estive na empresa, conduzi o processo de incorporação de seis usinas pela Santelisa, que chegou a ser a maior do país”.

Agora, prestes a ser incorporada pela francesa Louis Dreyfus, a Santelisa deverá se consolidar na vice-liderança em açúcar e álcool. “Acredito que a Dreyfus vá conduzir bem esse processo”. O executivo Bruno Melcher será o CEO da área sucroalcooleira.

Quase sete anos depois de ter deixado a usina, Maurílio assegura que se ainda estivesse no comando da empresa, a Santelisa não estaria trocando de mãos neste momento. No entanto, ele prefere não apontar culpados pela delicada situação financeira na qual a companhia se encontra. “Foi elogiável o que eles fizeram [referindo-se aos seus irmãos]. Eles poderiam ter partido para a recuperação judicial, mas apostaram que encontrariam outra solução”.

O empresário, primogênito da família Biagi, foi criado para ! ser o sucessor da companhia, e assim foi. Assumiu o comando da empresa nos anos 50, tornando a companhia uma das maiores do país durante os anos 80 e 90. Também foi comandante da Refrescos Ipiranga e ajudou a administrar outros negócios importantes da família, como a Renk-Zanini, da qual também foi presidente. “Foi uma etapa da minha vida que passou”, afirma ele. No mercado, Maurílio é conhecido pela publicidade que atrai e ainda tem sua imagem associada à Santelisa. Faz parte do “Conselhão” do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sempre foi um importante interlocutor do setor.

Depois da sair da usina, Maurílio bem que tentou se manter anônimo por algum tempo. Por um período, ele se dedicou à Maubisa, empresa de consultoria sucroalcooleira, com sede em Ribeirão Preto, e também à usina Moema, da qual foi fundador e é um dos principais acionistas. A Moema, aliás, também é um capítulo à parte. A empresa, que também tem entre seus principais acionistas a família Junqueira Franco, está sendo vendida. A Bunge tem preferência de compra. O empresário está aprendendo a se desapegar dos negócios.

Depois de deixar a Santelisa, vender qualquer usina ficou mais fácil, afirma o empresário. “Depois da Santelisa, vendi a Cevasa [para a Cargill], e agora a Moema”, diz. Maurílio afirma que está investindo na construção de uma nova usina, mas não dá detalhes do futuro empreendimento. “Não quero gerar especulações”, desconversa. Mas é categórico: “não vai sair desse setor”. (MS)

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