JornalCana

Por que as usinas pedem cota de açúcar maior aos EUA

Líderes do setor explicam os detalhes

Cota de açúcar dos EUA representa pequena fração das exportações brasileiras

O Escritório do Representante Comercial dos EUA (USTR) anunciou no último dia 22 de julho a alocação da cota de  açúcar isenta de tarifa para o ano safra que começa em outubro. A publicação informou que a UTR concedeu ao Brasil um volume de 152,7 mil toneladas. Volume semelhante ao dos anos anteriores. Todavia, avalia-se que vendas com valor superior pagam tarifa de US$ 337,92 por tonelada. O que é uma quantia próxima dos preços atuais do adoçante.

Essa cota de açúcar representa uma pequena fração das exportações brasileiras do adoçante, que nesta safra devem alcançar cerca de 25 milhões de toneladas. Por isso, usinas de cana produtoras de açúcar estão ressentidas pela falta de proporção na alocação da cota de açúcar definidas pelos americanos entre os países exportadores. De modo que o setor quer que os EUA amplie a cota para o açúcar brasileiro. O que seria uma contrapartida para a manutenção da cota de importação de etanol isenta de taxas no Brasil.

Presidente da Novabio explica a questão da cota de açúcar
Cunha: falta de entendimento coloca produtores em risco

Esse pedido foi feito no ano passado, quando o Governo Federal decidiu ampliar a cota para o etanol importado como uma forma de manter boas relações de mercado com os EUA. Mas não houve avanço nas conversas bilaterais desde então. Fato que que contrariou uma série de produtores brasileiros de açúcar, especialmente os que estão nas regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste do País. Renato Cunha, presidente da Novabio, oferece explicações.

— Nos foi sinalizado várias vezes que haveria um entendimento quando houve a renovação da cota para o etanol importado, mas tudo era provisório e nunca houve receptividade para isso — esclarece Cunha. De acordo com ele uma não renovação da cota de etanol por parte do Brasil pode gerar duas situações. Primeiramente levar a entendimentos que poderão ganhar mais forma. Ao passo que também cria uma agenda organizada entre ambas as partes.

Falta de entendimento pode acelerar o fechamento de usinas

Renato Cunha, que também é presidente do Sindaçúcar-PE, é cauteloso em defender um volume específico para a cota de açúcar. “Esses números devem ser tratados em negociações apropriadas”, sugere. Mas alerta que a falta de entendimento pode acelerar o fechamento de usinas e colocar produtores em risco. “Quando o etanol importado toma espaço do nosso, isso também afeta o preço da cana“, afirma.

As usinas do Centro-Sul  não estão isentas do impactado gerado pela importação. Uma vez que parte de seu excedente costuma ser vendido à região Nordeste. No início do ano, porém, o Centro-Sul também importou para seu mercado. Segundo analistas, de dezembro a abril, a região importou 615 milhões de litros — metade dos 1,14 bilhão de litros importados pelo Brasil de setembro a junho.

Sob o mesmo ponto de vista, Evandro Gussi, presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), comentou sobre o tema durante o Webinar JornalCana – Encontro de Lideranças, realizado em 1º de julho. Confira os argumentos pronunciados pelo líder setorial a partir dos 54:34 minutos no vídeo abaixo.

Não liberação das cotas pode colaborar com encerramento da safra

O jornalista e diretor da ProCana Brasil, Josias Messias, acredita que com o clima seco e uma potencial melhora nos preços do etanol, a não ser que seja liberada as cotas de importação surgem doi dois cenários pela frente. “Primeiramente a safra vai terminar mais cedo, provavelmente em outubro. Em segundo lugar o mix das usinas deve terminar mais alcooleiro”. Essas duas situações, inclusive, serão tratadas no Webinar JornalCana — 1º Encontro Alta Gestão de Usinas, que acontece nesta próxima quarta-feira, 5 de agosto, às 19h. Saiba mais detalhes em www.jornalcana.com.br/webinar.

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