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Política energética deve estar acoplada a política de governo

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A frase acima que dá título a esta matéria é o elemento chave para que o etanol volte a ser o principal combustível para veículos leves no Brasil até o final da década, como pretende o plano estratégico que o governo federal lançou recentemente. A opinião é de Isaías de Macedo Carvalho, pesquisador associado no Nipe – Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Estratégico da Unicamp e uma das vozes mais respeitadas pelo profundo conhecimento do setor energético do País. Nesta entrevista, além de analisar a política do governo para o setor, Isaias de Macedo ainda aborda o tema cogeração, novos produtos e mercado externo.

Jornal Cana – Há algumas semanas Governo lançou um plano estratégico para o setor sucroalcooleiro, para ser implementado nos próximos anos, dentre outros objetivos, para que o etanol volte a ser o principal combustível na frota leve de veículos no País. Como o senhor avalia as medidas?

Isaias Macedo – A situação é a seguinte: nós vínhamos crescendo muito rapidamente desde 2008, entre 2002 e 2008 houve um crescimento muito forte, motivado claramente pelos ambientalistas e pela consciência de que o petróleo não ia ficar parado, como não está hoje em dia, claramente, em termos de recursos e disponibilidade. E o etanol está se firmando cada vez mais como o combustível limpo. E, portanto, isso cria mercados externos e expande o mercado interno, isso no caso do mercado interno era claramente proporcionado pela entrada do carro flex em 2002. Porque permitiu o que era um sonho, permitiu deixar a flexibilidade total para o consumidor e no caso do produtor, que tem dois produtos principais, que é açúcar e etanol, deu flexibilidade a ele também, dentro de certos limites, para aumentar ou diminuir a produção, sem prejudicar o abastecimento da frota. Com isso aí a confiança é reestabelecida e ficou um ponto que foi cristalizando ao longo do tempo: o etanol na bomba não pode custar mais do que “X” por cento do preço da gasolina; basta só verificar a diferença dos dois combustíveis por litro. Para esse número ficar simples é 0,7, um número que deve provavelmente mudar ao longo do tempo em função da tecnologia, mas esse 0,7 mostrou uma coisa muito interessante de mercado que a gente não sabia. Se ficar abaixo de 0,7 significativamente, a balança tende todinha para o lado do etanol; se ficar um pouquinho acima ela começa a perder para a gasolina e isso permitiu que fossem feitas avaliações e essas já são, por exemplo, avaliações oficiais. Se observar o Plano de Desenvolvimento Energético do Brasil que vai até 2020, você vai ver que a projeção esperada do consumo no mercado interno para etanol, em 2020, é mais de 50 bilhões de litros, o que significa o dobro da de hoje. Baseada em todas essas hipóteses, a tendência é que vai haver uma relação favorável no 0,7 de preço na bomba e que nós podemos expandir a produção. Porque, por uma série de estudos, até alguns recentes, como o Zoneamento Agrícola da Cana, fica claro que existe uma disponibilidade de área muito maior do que é necessário para esse tipo de expansão, que seria de alguns milhões de hectares. Existe capacidade industrial para fazer esse tipo de crescimento. Então, se houver uma relação de preço favorável, é o que deve acontecer. E a frota vai crescer em função disso. Há cinco anos não havia consenso a respeito desses números; mas se eu pegar 2009, por aí, todo mundo já previa isso mais ou menos nessa faixa e a questão passou a ser outra: como é que a gente mantém, faz esse crescimento ocorrer; os problemas de crescimento eram muito mais de mão de obra.

Leia entrevista completa na edição 220 do JornalCana. 

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