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Plástico ganha nova versão com bagaço hidrolizado

O plástico biodegradável, desenvolvido a partir da cana-de-açúcar, ganha agora uma nova versão. O Instituto de Pesquisas Tecnológicas — IPT, de São Paulo, realizou pesquisas para a obtenção do produto com a utilização do bagaço de cana hidrolisado . “Esse substrato, que está disponível em grande quantidade, pode produzir algo mais nobre, tornando-se uma alternativa economicamente interessante”, observa a pesquisadora do IPT, Luiziana Ferreira da Silva, que é coordenadora do projeto. Segundo ela, o órgão está aberto à realização de parcerias para a produção industrial desse plástico.

Antes disso, o IPT desenvolveu o plástico biodegradável, diretamente da sacarose, que já é produzido pela PHB Industrial, instalada junto à Usina da Pedra, em Serrana (SP). O plástico do bagaço utiliza a xilose e a glicose, que são açúcares resultantes do processo de hidrólise dessa biomassa. Mesmo produzindo 50 toneladas anuais, em caráter experimental, desde 1995, a PHB já exporta o produto para os Estados Unidos, Europa e Japão. “O plástico é utilizado principalmente na fabricação de produtos de uso diário, entre os quais embalagens e bandejas”, informa Sylvio Ortega, responsável pela implantação do projeto na empresa. Segundo ele, o plástico é uma alternativa para o aumento da receita. “Exige, no entanto, investimentos altos e tem complexidade elevada”, pondera ele.

A PHB — que é uma associação entre Irmãos Biagi S/A e as usinas Santo Antonio e São Francisco — estudará, no próximo ano, a expansão dos negócios nessa área. A empresa pretende comercializar 10 mil toneladas de biopolímeros por ano, entre os quais o plástico do açúcar produzido na Usina da Pedra. Biopolímeros são substâncias biodegradáveis, obtidas de fontes naturais que podem ser empregadas na composição desse plástico. Outra preocupação da empresa é a realização de pesquisas visando o desenvolvimento de tecnologias de aplicação desse plástico. “Ele pode ser utilizado em produtos obtidos a partir do processo de injeção plástica, como copos e caixas”, exemplifica Ortega.

A partir de bactéria – A história do plástico brasileiro teve início, em 1992, com um grupo de cientistas do IPT, que identificou a bactéria Burkholderia sacchari. Ela se alimenta do açúcar, transformando o excedente do seu metabolismo no plástico biodegradável chamado de PHB (polihidroxibutirato). O mesmo processo ocorre com o bagaço hidrolisado por meio da ação dessa bactéria e da Burkholderia cepacia. A grande vantagem na produção do plástico biodegradável é o aproveitamento dos recursos já existentes na usina de açúcar, como o bagaço e o melaço. “Ao contrário dos modelos estrangeiros, que utilizam combustíveis fósseis para o funcionamento do sistema, o modelo brasileiro é auto-sustentável e emprega fontes renováveis”, compara Luiziana. O solvente empregado para a retirada do polímero das bactérias é um derivado da produção do etanol. A pesquisa teve também a participação da Copersucar e do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo, além de apoio da Fapesp, CNPq, entre outras instituições.

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