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Plantas transgênicas são utilizadas para controle de pragas

Atualmente, o mundo cultiva mais de 67 milhões de hectares em plantas transgênicas. A soja tem 55% de sua produção diretamente vinculada às modificações genéticas, plantadas juntamente com outros produtos como o milho, algodão e canola, por sete milhões de agricultores, em apenas 18 países.

Uma das modificações genéticas mais utilizadas é a inserção de genes nas plantas, que fazem suas células produzirem proteínas tóxicas aos insetos. Plantas transgênicas resistentes a insetos são cultivadas em alguns países há oito anos e este tipo de transformação já vem sendo feito em laboratório há quase 20.

Diante deste quadro, é possível perceber que o uso de plantas geneticamente modificadas deve aumentar ainda mais, numa escala de crescimento que vem superando os debates em torno do assunto.

Para avaliar o impacto de risco causado por estas modificações genéticas, o Departamento de Entomologia, Fitopatologia e Zoologia Agrícola da ESALQ, com a colaboração da rede de biossegurança da Embrapa, vêm realizando pesquisas, financiadas pela Fapesp.

Para o professor Italo Delalibera, coordenador destas pesquisas na ESALQ, a transformação genética para o controle de pragas já está estabelecida, pois hoje há uma facilidade muito grande de inserir na planta um gene que a torne resistente a uma determinada praga.

Segundo Delalibera, que tem o foco de seus estudos voltado para o algodão, seu trabalho não se situa na área de transformação, mas com a análise de risco dessas pesquisas. “Existem altos investimentos de empresas para se produzir plantas transgênicas, porém, em contrapartida, existem poucos grupos de pesquisa estudando quais os efeitos e impactos possíveis que podem ocorrer”.

Na China, onde cerca de 50% do algodão plantado é transgênico, em vez de pulverizar até doze vezes ao ano, é feita, em média, apenas quatro aplicação de inseticidas, fazendo com que o custo de produção caia muito. “O agricultor brasileiro está achando que aqui também vai dar certo, mas não há estudos provando que a produção vai aumentar. Na China, onde houve pesquisa, o custo caiu e o lucro aumentou, mas se introduzida aqui, por ser uma variedade vinda de fora, existe apenas uma expectativa do retorno econômico”, avalia Delalibera.

Segundo Delalibera, o grande problema que o país vem enfrentando está na legislação, que dificulta a pesquisa com plantas modificadas, assim como a importação de transgênicos, que facilitaria os estudos dos pesquisadores interessados no assunto. “É fundamental que estas questões sejam resolvidas o mais rápido possível, pois a cada ano aumenta o cultivo ilegal de algodão transgênico no Brasil”, alerta o professor.

Para driblar essa dificuldade, foi criado um procedimento diferenciado de trabalho, onde se utiliza apenas a proteína tóxica que a planta vai produzir. “Criamos uma metodologia que consiste em fazer um teste preliminar antes de inserir o gene na planta”, explica.

O projeto tem apenas um ano, mas já apresenta resultados interessantes em termos de identificação das espécies que podem potencialmente ser afetadas pela tecnologia. “Um exemplo é um tipo de ácaro encontrado que se alimenta da folha do algodão, auxiliando na decomposição da matéria orgânica e presente em várias partes do Brasil”, revela.

Neste complexo debate, é fundamental destacar que a ESALQ não está apenas fazendo transformação de plantas, mas também formando grupos especializados em biossegurança, para se fazer análises de risco.

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