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Plantar cana-de-açúcar em terra arrendada ficou inviável

Levantamento exclusivo do Instituto FNP mostra que, com os preços mais altos – principalmente da soja -, os produtores tiveram margem suficiente para pagar os custos da terra, com sobra. Já no caso da cana-de-açúcar, o prejuízo foi grande. O estudo inédito mostra também que o arrendador (dono da terra) do Sul do País é o que teve maior lucro nos grãos, enquanto o do Sudeste ganha com a cana. Em média, nesta safra, o arrendador recebe R$ 335 por hectare no Paraná e R$ 750 em São Paulo.

É a primeira vez que a instituição faz uma pesquisa sobre o preço do arrendamento no País. O estudo mostra que, na soja, o maior pagamento ocorre no Sul – com média de 11 sacas (60 quilos) por hectare, para apenas 5 em Mato Grosso. Quem arrenda propriedades para a cana recebe, em média, 22 toneladas por hectare em São Paulo, para 9 em Mato Grosso do Sul. Na pecuária, há uma variação maior, em algumas regiões o pagamento é fixo por hectare ou por animal e em outras, por arroba. “Onde as fazendas estão melhor estruturadas para aquela atividade, o pagamento é maior”, explica a analista Jacqueline Bierhals, do Instituto FNP.

Segundo ela, os arrendamentos são todos indexados em produto, por isso, recebe mais o arrendatário cujo produto cultivado em sua propriedade teve melhor preço. Assim como, para o agricultor, o lucro é maior também. De acordo com a analista, neste safra o arrendamento está mais caro que na passada, no caso dos grãos. Isso porque a soja que era comercializada, em média, a R$ 20 a saca em Sorriso (MT), ficou em R$ 26 em 2007,um aumento de 30%. “Apesar do custo maior, o produtor ganhou porque o preço do grão subiu bastante”, conclui.

Fábio Turquino Barros, analista da AgraFNP, explica que a valorização da soja é uma mudança estrutural, pois como os grãos estão sendo destinados à produção de combustível, os estoques ficaram ajustados e tendem a permanecer nos próximos anos, sustentando os preços acima das médias históricas. “Quem atravessou o momento complicado da sojicultura dos últimos dois anos colhe os frutos de uma atividade que passa a ser destaque não só em alimentos, mas também em combustíveis”, afirma Barros. Para a cana-de-açúcar, o prejuízo é certo na safra 2007/08. De acordo com o estudo, aliado ao custo alto em quantidade, o produtor tem uma margem negativa por causa dos preços.

O analista da Safras & Mercado. Gil Barabach, lembra, no entanto, que o arrendamento da cana é de cinco anos, portanto os valores são diluídos. “A idéia é ganhar na média. No ano passado ganhou muito e, neste, não”. Em relação a 2006, os valores pagos pelo açúcar e cana caíram mais de 20% em 2007.

José Pessoa de Queiroz Bisneto, presidente do grupo José Pessoa e do Sindicato do Açúcar e do Álcool de Mato Grosso do Sul, diz que em algumas regiões, como em Araçatuba (SP), está inviável plantar cana em terra arrendada. Segundo ele, a atividade está “um tiro no escuro”, pois neste ano os preços estiveram abaixo do custo de produção e a perspectiva é que a margem só volte a ser positiva em 2010, quando a velocidade do crescimento da safra será inferior à do aumento do consumo. Em 2009, há incerteza se haverá recuperação.

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