Mercado

Piracicaba pode entrar na rota comercial da China

A China pode começar a importar álcool do Brasil nos próximos meses. A informação é do engenheiro chinês Sun Xiaokang, representante do governo daquele país, que esteve em Piracicaba ontem chefiando uma missão que veio especialmente para conhecer todo o processo de produção do etanol e o funcionamento das indústrias da cidade.

Essa possibilidade pode favorecer a região de Piracicaba, que sedia a maior parte das empresas fabricantes de equipamentos para usinas de açúcar e álcool do Brasil, sem contar que também é área de produção de cana-de-açúcar.

“Se o interesse da China for importar álcool, o Brasil precisará produzir um maior volume do produto e precisaremos construir mais usinas”, disse ontem o vice-presidente da Dedini Indústrias de Base, José Francisco Davos, empresa que recepcionou os chineses ontem de manhã. (leia matéria nesta página).

“Viemos a Piracicaba para conhecer o mercado, a produção de etanol e as fábricas que fazem fábricas de álcool. Acredito que as chances de estreitarmos relações entre os países é bem grande. Nosso objetivo agora é fazer relatórios que orientem o governo chinês a definir outras ações, inclusive a organização de missões de empresários e investidores chineses ao Brasil”, disse Xiaokang.

A diretora do departamento de Indústria e Agronegócio do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), Aneli Dacas, acompanhou a missão e disse que a impressão dos chineses foi bastante positiva.

“Eles ficaram impressionados com nossa capacidade de produção e distribuição. Nos próximos meses devemos conhecer os resultados dessa visita.” Aneli acredita que a intenção dos chineses não é investir em tecnologia, mas importar o nosso álcool.

Atualmente, a China produz álcool a partir do milho em volume menor que sua demanda interna. A produção de álcool combustível é de 1,2 bilhão de litros por ano. Cinco províncias chinesas já adotam a mistura de álcool na gasolina na proporção de 10%. Outras quatro províncias estão fazendo testes.

Depois de visitar a Dedini Indústrias de Base, a missão chinesa se deslocou até a cidade de Iracemápolis, onde conheceu de perto o processo de produção de álcool, na Usina Iracema. O gerente industrial da usina, Antonio Bichara, disse que os visitantes ficaram bastante impressionados com a produção.

A Iracema moí cerca de 2,6 milhões de toneladas de cana ao ano. Deste total são produzidas 3,7 milhões de sacas de 60 quilos de açúcar e 1,2 milhão de litros de álcool. A produção está praticamente estável há dois anos.

Segundo Aneli Dacas, Piracicaba foi incluída no programa de visitas por seu potencial de produção de equipamentos usados no setor sucroalcooleiro.

VISITAS–– A comitiva chinesa chegou ao Brasil na segunda-feira, 11, para realizar uma maratona de visitas e reuniões em Brasília, São Paulo, Piracicaba e Rio de Janeiro. Esta visita é uma continuação do memorando assinado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e pela Comissão de Desenvolvimento Nacional e da Reforma da República Popular da China.

Nesse documento se destaca a troca de informações técnicas com a finalidade de promover o investimento e o comércio neste setor e como conseqüência, aumentar a cooperação bilateral.

A programação da visita foi iniciada em Brasília, no Ministério do Desenvolvimento, em reunião com a presença de secretários. Na terça-feira, as atividades aconteceram em São Paulo, com visitas à Unica (União da Agroindústria Canavieira de São Paulo), Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos ) e Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental).

O último destino da comitiva no Brasil é o Rio de Janeiro. Hoje eles vão conhecer as normas de qualidade do álcool no Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial). Também vão tomar ciência do sistema de distribuição do combustível em visitas à Petrobrás (Companhia Integrada de Petróleo) e a ANP (Agência Nacional do Petróleo).

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