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Petróleo

O peso da Venezuela nos contextos latino-americano e global deriva, em grande parte, de seus recursos petrolíferos. Foi essa riqueza que permitiu a Chávez comprar apoio e estender sua influência política pela América Latina, diz o historiador Alberto Garrido. O grau dessa influência, porém, varia bastante.

Na Bolívia e pequenas nações do Caribe onde os recursos venezuelanos podem fazer a diferença, o poder de Chávez é expressivo. Outros países, como a Argentina, usam recursos oferecidos pelo venezuelano (o presidente Néstor Kirchner vendeu mais de US$ 5 bilhões em títulos da dívida de seu país para Chávez), mas nunca se entusiasmaram muito com seu projeto de integração bolivariana. Chávez é um problema – mas a verdade é que, ao menos até agora, é um problema muito maior para os venezuelanos que para o restante do mundo, diz Botafogo.

A impulsividade do venezuelano e suas interferências em assuntos internos de outros países, porém, já começaram a incomodar até aqueles que tinham uma relação amigável com Caracas. A diplomacia de Chávez tem a sutileza de um elefante numa loja de cristais, disse ao Estado Fernando Luis Egaña, ex-ministro da Informação e professor da Universidade Metropolitana da Venezuela. Como ele não admite nem aquelas pequenas divergências, corriqueiras nas relações diplomáticas entre dois países, não é de estranhar que mesmo os aliados tendam a se afastar.

No Brasil, além das críticas ao Mercosul, a perturbação está ligada à influência de Chávez na Bolívia – e especialmente a seu papel na nacionalização do setor de gás e petróleo desse país. A relação com a Venezuela também teria estremecido, segundo os analistas, pelo fato de o Brasil ter anunciado um projeto de cooperação com os EUA para impulsionar a produção de etanol, quando Chávez não só considera os americanos seus maiores inimigos, como tem no petróleo a base dos seus planos de integração regional.

Para Egaña, o fato de Chávez ter radicalizado seu discurso e ampliado as reformas internas para centralizar poder após assumir seu terceiro mandato, em janeiro, foi o que o obrigou a inaugurar um novo ciclo em sua diplomacia. Muitos países passaram a criticar medidas que consideram autoritárias – como o fechamento da televisão opositora RCTV – e Chávez se deu conta de que não é possível conciliar o radicalismo interno com uma atuação internacional ampla, diz o especialista.

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