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Petróleo caro pressiona inflação nos EUA

O Índice de Preços ao Consumidor medido nos EUA saltou 0,5% em julho, na comparação com o mês anterior, e atingiu 3,2% no acumulado de 12 meses. O aumento se deveu basicamente à pressão exercida pela alta do petróleo e pelos preços de energia. Em junho, o índice havia ficado estável em relação a maio. O impacto da escalada dos preços do grupo gasolina e diesel começou a aparecer também na formação dos preços norte-americanos, como transportes.

A divulgação do índice colaborou para que a Bolsa de Nova York caísse 0,41% e aumentasse as especulações sobre até quando o Federal Reserve (banco central dos EUA) manterá o ritmo de aumento dos juros, atualmente em 3,5%, ao ano depois de dez elevações consecutivas de 0,25 ponto.

O desânimo do mercado em Wall Street, que foi surpreendido pelos números, foi reverberado nas Bolsas de praticamente todo o mundo, incluindo a Bovespa (-1,08%). Londres (-0,40%), Paris (-0,49%) e Frankfurt (-0,78%) fecharam em baixa.

A apreensão mundial se baseia nas chances de uma desaceleração do crescimento da economia global em vista dos aumentos recordes do petróleo. Dois dos motivos responsáveis pelo aumento da commodity -a demanda cada vez maior da China e a tensão política envolvendo o Irã- não devem se modificar no curto prazo. Analistas apostam, porém, na queda do preço do barril a partir de setembro, quando termina o verão no hemisfério Norte e, conseqüentemente, diminui a demanda do produto.

Na bomba, o americano vem sentindo diferenças quase diariamente. No início do mês, o preço médio do galão (3,79 litros) era de US$ 2,29. No início desta semana, a média de preço subiu para US$ 2,55 -chegou a US$ 3 na Costa Oeste. Para comparar, seria como dizer que um litro de gasolina custa R$ 1,87, em média, na Califórnia. Ontem, o petróleo fechou a US$ 66,08 em Nova York.

Com os dados de julho, o índice de energia atingiu aumento de 14,2%, no acumulado de 12 meses, e o de transportes, de 6,3%. O grupo alimentação cresceu 2,1% no mesmo período.

O ânimo do mercado também foi abalado pelo anúncio dos resultados do segundo trimestre da gigante varejista Wal-Mart. O lucro de 5,8%, o menor dos últimos quatro anos, foi influenciados pelos preços do petróleo, que elevaram os custos de distribuição.

“Minha única preocupação é que os preços do petróleo vão eliminar aumentos no emprego e nos vencimentos reais de uma parte de nossa base de clientes. Vamos enfrentar desafios nos próximos meses”, disse Lee Scott, CEO da Wal-Mart.

Aumento dos juros

A alta dos preços de energia compõe a lista de argumentos periodicamente utilizados pelo Fed para justificar a alta dos juros. Ao mesmo tempo, a recuperação da economia americana após o 11 de Setembro continua apresentando sinais contraditórios.

Por um lado, a previsão de déficit orçamentário está bem menor do que o previsto, mas uma nova lei de energia obrigará novos gastos por parte do governo.

Se o valor dos salários vem melhorando e atingiu em julho deste ano índice semelhante ao de novembro de 2001, é preciso descontar os gastos com energia bem maiores agora. Para completar, a recuperação dos salários nos EUA, que aumentaram 2,7% neste ano, está bem abaixo da inflação de 3,2% no mesmo período.

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