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Petrobrás quer construir alcoolduto

A Petrobrás vai investir pesado para ter um papel de destaque nos combustíveis limpos, como etanol e biodiesel, mas sua agressividade já provoca conflito com o setor privado. Estatal e usineiros disputam a construção de um duto para o transporte de álcool, que vai abastecer mercado interno e exportação.

“Acredito que só tem espaço para um duto, mas estamos conversando muito com o setor”, disse o diretor de abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa. Ele diz que a estatal “está aberta a novos sócios”.

Existem dois projetos paralelos para a construção do alcoolduto. Um deles é feito pela Uniduto, empresa criada com esse objetivo que possui como sócias 88 usinas de cana-de-açúcar. O outro é da PMCC, formada por Petrobrás, Mitsui e Camargo Correa.

O investimento previsto em cada um é de cerca de R$ 2 bilhões. O ! trajeto da Uniduto privilegia a captação de álcool no interior de São Paulo. A PMCC captaria álcool no Estado, mas também no Triângulo Mineiro e no Centro-Oeste.

“No curto prazo não existe um ambiente propício para a fusão das duas empresas. Mas poderíamos ter uma otimização dos custos com tubos interligados”, disse o presidente da Uniduto, Sérgio Van Klaveren.

Os usineiros estão preocupados que um monopólio da Petrobrás no alcoolduto signifique custo de transporte mais caro. Com os tubos interligados, as tarifas da Uniduto e da estatal tenderiam a se igualar.

A Petrobrás argumenta que o temor não faz sentido, porque as tarifas são definidas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Há muito tempo no papel, o projeto do alcoolduto ganhou relevância com o aumento do consumo interno de etanol e a esperança do setor de derrubar a tarifa de importação dos Estados Unidos.

A Petrobrás ingressou na produção de etanol só em 22 de dezembro do ano passado, ao adquirir 40,4% da Total Agroindústria Canavieira, que possui uma usina em Bambuí (MG). A estatal chega atrasada em relação a outras petroleiras, que já investem na produção de etanol no Brasil.

Costa explica que a ideia inicial era desenvolver os projetos do zero, mas a empresa não tem expertise na produção de cana de açúcar. Por isso, mudou a estratégia e decidiu fazer parcerias. Mas nem por isso terá um papel reduzido. A previsão da Petrobrás é responder por 10% do etanol brasileiro em 2013.

No biodiesel, a estatal, por meio de sua subsidiária Petrobrás Biocombustíveis, já opera três usinas e responde por 29% da produção brasileira. No fim de 2009, comprou participação em outra unidade.”A empresa atual muito no Nordeste e tem o papel de envolver a agricultura familiar”, disse o coordenador do programa federal de biodiesel, Arnoldo de Campos.

A Petrobrás também funciona como uma espécie de “reguladora” do mercado. A estatal compra os biocombustíveis das! usinas por meio de leilões e repassa para as distribuidoras. Como é a única produtora de diesel do País, consegue controlar se os 5% de biodiesel exigidos pelo governo na mistura com o diesel é cumprido.

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