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Petrobras negocia venda de tecnologia em dutos de álcool

A Petrobras se diz disposta a compartilhar seu conhecimento de dutos para etanol e derivados do petróleo com várias empresas estrangeiras que se aproximaram recentemente, incluindo a norte-americana ConocoPhillips. Mas tudo tem um preço.

Paulo Roberto Costa, diretor de Abastecimento da Petrobras, disse na terça-feira que os Estados Unidos poderiam aproveitar a experiência brasileira em dutos “flex”, capazes de transportar etanol ou mudar para derivados de petróleo quando necessário, de maneira flexível.

“Temos dez anos de experiência trabalhando com um poliduto que pode transportar gás liquefeito de petróleo, diesel, gasolina ou etanol, e não temos problemas operacionais”, disse Costa no evento Reuters Global Agriculture and Biofuel Summit, no Rio.

“Esse conhecimento é valioso, e podemos compartilhá-lo se o outro lado do acordo for correto. Teríamos de fazer um memorando de entendimento com a Conoco para ter algo em troca, talvez os envolvendo no compartilhamento de conhecimento sobre algum bloco petrolífero, alguma coisa”, afirmou.

Ele disse que uma delegação da empresa norte-americana ConocoPhilips visitou a Petrobras recentemente e mencionou certos problemas com o uso dos dutos habituais para o transporte de álcool combustível.

“Tivemos um primeiro encontro e eles vão estudar as condições agora. Eles nos buscam porque têm um mercado crescente para o etanol nos Estados Unidos e eles não têm dutos, tendo toda a sua produção no centro do país.”

A Petrobras tem um poliduto entre a refinaria de Paulínia (SP) e a localidade de Senador Canhedo (GO), e avalia a construção de um duto similar no Paraná, que teria uma estrutura paralela exclusiva para a exportação de etanol.

A estatal também planeja construir outro duto de etanol no Sudeste, coincidindo parcialmente com o duto Paulínia-Senador Canhedo. Os dois dutos de etanol, a um custo estimado em 2,3 bilhões de dólares, serviriam para abastecer um esperado “boom” das exportações, provocado pela demanda do Japão.

Exportação depende do Japão

A empresa trabalha em parceria com empresas japonesas, como a Mitsui, e com o governo do Japão com o objetivo de vender 4,5 bilhões de litros de álcool àquele país em 2012. Até lá, a Petrobras espera que o Japão tenha adotado a mistura de 10 por cento de álcool à gasolina.

A Petrobras ainda é pequena no setor de álcool, mas vem tentando crescer. Costa disse que os planos para a exportação, o que inclui a construção dos novos dutos, dependem de o Japão aprovar a mistura do combustível e a importação do etanol. Esse processo, porém, “não deve demorar muito,” segundo ele. Recentemente, um partido governista apresentou um projeto que elimina as tarifas de importação do etanol.

“Avançamos com usinas e dutos de etanol o quanto foi possível, e agora estamos segurando um pouco, esperando os avanços nas vendas futuras para o Japão. Temos uma avaliação bastante positiva […] embora eu não possa dizer se vai acontecer neste ano ou não”.

“Quando os contratos estiverem sendo assinados, vamos precisar de dois anos para construir usinas e dutos, e o Japão precisaria de dois anos para preparar a infra-estrutura para o etanol”, disse ele.

A Petrobras também pretende exportar álcool para Coréia do Sul, Nigéria e EUA. “Nos EUA, eles já decidiram que seu etanol à base de milho será um certo percentual do uso total, ou eles terão problemas de inflação, escassez de oferta e problemas com as tortilhas mexicanas. Essa é uma oportunidade para nós”. (Andrei Khalip)

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