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Petrobras investe em biocombustíveis

A Petrobras colocou em marcha um ambicioso projeto de pesquisa em biocombustíveis que envolve tanto desenvolver novas matérias-primas para a produção de combustíveis quanto novas rotas tecnológicas. Neste sentido, estão sendo gastos R$ 530 milhões nos próximos cinco anos em pesquisa e desenvolvimento do setor, sem contar outros investimentos em produção comercial e infraestrutura, como alcoodutos. As informações foram detalhadas pela gerente de energia renováveis do Centro de Pesquisa da Petrobras, o Cenpes, Maria Cristina Espinheira Saba, durante o 2º Simpósio Nacional de Biocombustíveis, que ocorreu semana passada na UFPE.

No Cenpes, há pesquisas sobre biocombustíveis em três linhas: etanol, biodiesel e H-bio. No etanol, a Petrobras entrou na pesquisa que mais chama a atenção dos debates sobre biocombustíveis no mundo: o desenvolvimento de combustíveis de segunda geração. Hoje, a produção está diretamente ligada à capacidade de expansão agrícola, mas na segunda geração dos biocombustíveis será possível produzir a partir de resíduos de celulose. O nome é complicado, hidrólise enzimática de lignocelulose, mas significa fazer etanol também do bagaço, e não apenas do caldo fermentado. “Não existe ainda planta comercial desse tipo no mundo, apenas plantas de demonstração. Quem dominar essa tecnologia primeiro ganha o jogo”, afirmou Maria Cristina. A primeira planta de demonstração da Petrobras está sendo estruturada e uma meta tentativa de ter produção viável é para 2015.

No caso do biodiesel, há duas plantas experimentais do Cenpes em Guamaré, no Rio Grande do Norte. Uma trabalha a rota tecnológica mais conhecida de pegar o óleo e transformar em biodiesel. A outra rota é recente e motivo de desenvolvimento da Petrobras. Trata-se de fazer biodiesel diretamente das sementes de oleagionosas, pulando a etapa de transformação em óleo. “Estamos trabalhando com isso em laboratório e tem a vantagem de pular uma etapa. No momento estamos estudando a viabilidade ou não desse projeto se tornar comercial”, comentou.

Por fim, as pesquisas com H-bio continuam, apesar do pouco interesse comercial da Petrobras neste momento. O H-bio é a adição, direto no processo de refino, de óleos vegetais. A despeito da tecnologia estar bem desenvolvida, a Petrobras não está utilizando hoje nas refinarias já adaptadas ao processo porque o preço do óleo vegetal está mais caro do que o petróleo, não compensando essa adição. “O nosso papel é desenvolver a tecnologia. A decisão de utilizar ou não é da área comercial”, explicou a pesquisadora.

Em biocombustíveis de modo geral, incluindo investimentos em etanol, a Petrobras prevê gastar US$ 2,8 bilhões entre 2009 e 2013, de acordo com o novo planejamento estratégico da companhia. A Petrobras Petrobras Biocombustível, a mais nova subsidiária da empresa, já opera três plantas de biodiesel no semi-árido, em Quixadá (CE), Candeias (BA) e Montes Claros (MG). Juntas, as unidades possuem capacidade anual de produção de 171.000 m³ por ano.

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