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Petrobras é rebaixada e perde grau de investimento

O temido rebaixamento da Petrobras, enquanto a companhia ainda não tem um balanço auditado de 2014, chegou ontem. Pela segunda vez este ano a agência de classificação de riscos Moody’s reduziu a nota da estatal. A primeira foi em janeiro e ontem a agência cortou o rating de dívida da companhia de “Baa3” para “Ba2”, o que significa grau especulativo. Ao mesmo tempo, a nota de crédito individual da companhia foi reduzida de “ba2” para “b2”. Além do rebaixamento, a agência manteve os ratings da companhia em revisão para possível novo rebaixamento.

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A Petrobras é alvo de investigações internas e externas depois de ser conhecido um esquema de pagamento de propinas em troca de contratos com diversos fornecedores da estatal, incluindo empresas brasileiras e multinacionais. A admissão de culpa por parte de ex-executivos de primeiro escalão exigiu medidas para retirada do superfaturamento do balanço. A Petrobras também foi intimada pela Securities and Exchange Commission (SEC) dos Estados Unidos.

Ao justificar a retirada do selo de grau de investimento ontem, a Moody’s enxergou aumento das pressões de liquidez no curto prazo. A agência foi a primeira das três principais agências de classificação de risco de crédito a retirar o grau de investimento da maior estatal brasileira. A Fitch e a Standard & Poor’s mantêm a empresa apenas um degrau acima do grau especulativo. Na Fitch, os ratings da estatal estão em revisão para possível rebaixamento.

Sem as demonstrações financeiras auditadas a Petrobras não tem acesso ao mercado de capitais para novos empréstimos. E corre o risco de precisar pagar antecipadamente US$ 56,7 bilhões em dívidas, já que alguns contratos preveem a obrigação de divulgar resultados auditados até 30 de abril. Segundo a Moody’s, não houve progresso substancial na publicação do balanço auditado que possa reduzir as preocupações sobre a aceleração do vencimento da dívida.

Novas ações de rating levarão em conta qualquer evolução nas investigações de corrupção em andamento, disse a Moody’s, além do progresso em relação à divulgação do balanço no prazo e ações que possam reduzir o risco de declaração de calote seguido de aceleração do vencimento de dívidas.

Ainda segundo a agência, se a companhia for capaz de superar seus riscos de liquidez de curto prazo, sua nota de crédito pode ser elevada, mas provavelmente não ao grau de investimento, porque a empresa deve seguir enfrentando dificuldades relacionadas às investigações de corrupção e ao seu endividamento elevado. O fluxo de caixa operacional da Petrobras em 2015, ainda que maior que o do ano passado, não deve ser suficiente para cobrir os investimentos da estatal, resultando em mais um ano de fluxo de caixa negativo, afirmou a agência.

Segundo a Moody’s, a Petrobras deve gerar fluxo de caixa maior em 2015, já que seu segmento de refino e distribuição está se beneficiando do preços maiores de diesel e gasolina cobrados no país em comparação com o mercado internacional. Segundo a Moody’s, o elevado programa de investimentos da estatal nos últimos anos resultou em fluxo de caixa persistentemente negativo, além de aumentar excessivamente a dívida. A estratégia era reduzir o endividamento usando o fluxo de caixa gerado pelo aumento da produção.

O corte dos investimentos anunciado recentemente pela companhia ajuda a poupar caixa, diz a Moody’s, mas pode reduzir o crescimento da produção. A Petrobras falhou “repetidamente” em atingir as metas da produção e a classificadora não espera melhorias significativas nesse sentido no médio prazo. A situação piora com a queda do preço do petróleo.

Em nota, a Petrobras informou que não possui cláusulas restritivas de dívidas (covenants) relacionadas ao rebaixamento de nota de crédito por parte das agências classificadoras de risco ou relacionadas a rating abaixo da classificação “grau de investimento”. Contudo, a perda desse selo pode fazer com que investidores institucionais como fundos de pensão americanos sejam obrigados a vender os papéis. A maioria tem regras prevendo que só podem investir em empresas de baixo risco.

(Fonte: Valor Econômico)

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