Na avaliação de especialistas, com a futura gestão de Jean Paul Prates, a PBio deve voltar a ser um dos pilares da estratégia de transição energética da Petrobras.
Fundada em 2008, a PBio foi por anos uma das maiores produtoras de biodiesel do país, com usinas capazes de processar óleo de soja, algodão, palma, gordura animal e óleos residuais. A variedade tenta aproveitar a dinâmica sazonal dos preços de cada matéria-prima. A operação caiu a partir de 2016. Foi quando houve, inclusive, a “hibernação” (paralisação) da usina de Quixadá – CE.
Em julho de 2020 teve início o processo de venda da empresa. Durante esse processo, foram concluídas vendas de participações da PBio. Um era na BSBios, a maior produtora de biodiesel do país, sediada no Rio Grande do Sul. Outra era na Belém Bioenergia Brasil (BBB), joint venture com a Galp, que comprou a outra metade do negócio. Mas, dois anos depois de colocada à venda, a PBio e suas usinas próprias não chegaram à assinatura do contrato de compra e venda.
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Para o coordenador-técnico do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), Rodrigo Leão, que integrou o grupo de transição voltado à energia, é imprescindível que o governo retome o aumento gradual dos percentuais de biodiesel na mistura do diesel. A iniciativa, avalia, daria previsibilidade ao mercado. Também devolveria o diferencial tributário aos biocombustíveis.
Ao Estadão/Broadcast, Miguel Ivan Lacerda, ex-diretor de Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia (MME) e pesquisador da Embrapa, afirmou que a PBio pode ser perfeitamente rentável. Destaca, porém, que a subsidiária nunca terá margens comparáveis às da exploração e produção de petróleo. Os motivos são a natureza do negócio e a competição no setor. “Existem cerca de 270 usinas de biocombustíveis no país, quase 40 só de biodiesel, enquanto a operação da produção de petróleo ainda é quase monopolista”, compara.
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Rodrigo Leão, do Ineep, afirma que a PBio deve ser encarada para além do desempenho financeiro. A empresa é um vetor de descarbonização da Petrobras. Também é indutora da economia agrícola no entorno de suas unidades, explica. Além disso, ele defende maior integração da subsidiária de biocombustível com outros negócios renováveis. É o caso do hidrogênio verde, cuja produção exige fonte de energia limpa, destaca.
Leão reforça que as principais economias do mundo têm mantido políticas agressivas de fomento a combustíveis de origem vegetal. É o que fazem Estados Unidos, China e Índia. Já o Brasil, pioneiro na tecnologia, recuou nos últimos anos. “A importância dos biocombustíveis para a transição energética está colocada no mundo e, também, para as grandes empresas privadas do setor com atuação no Brasil, que têm investido cada vez mais em etanol”, diz, ao citar Shell e BP.