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Pesquisas começaram na Índia

Depois de trabalhar ao longo de mais de 40 anos com fertilizantes químicos tradicionais, o agrônomo Paulo Henrique Murgel começou a dedicar-se a uma nova linha de pesquisas entre 1989 e 1990, utilizando como base o trabalho desenvolvido pelo agrônomo indiano J.S. Dahr, numa estação experimental em Indore, na região central da Índia.

Dahr, que continuou as pesquisas iniciadas nos anos 20, no mesmo instituto de pesquisas de plantas, por Albert Howard, considerado “pai da agricultura orgânica”, desenvolveu um sistema de compostagem de resíduos agrícolas, utilizado no tratamento de lixo. Ele descobriu, por exemplo, que o composto, quando lançado sobre a rocha fosfática moída, contribuía para o processo de fixação de nitrogênio do ar e promovia a solubilização da rocha.

Tradicionalmente, a transformação da rocha fosfática em material solúvel, capaz de ser absorvido pelas plantas, exige a aplicação de ácido sulfúrico em largas quantidades, em plantas industriais que consomem investimentos de milhões de dólares. O processo poderia significar, portanto, a eliminação de uma etapa com elevado potencial poluidor, livrando os países que não têm enxofre (caso do Brasil), de quebra, da dependência de importações.

O problema é que, para fazer essa transformação, o processo desenvolvido por Dahr exigia dez toneladas de composto orgânico para cada 400 quilos de rocha. “Em 1993, procurei meu primo, Samuel Murgel, para ajudar na parte de microbiologia.

Era preciso reduzir o volume de material orgânico e aumentar a população de microorganismos para tornar a solubilização mais eficiente”, relata Paulo Henrique Murgel. “O resultado foi que chegamos a um composto que reduziu aquela relação para mais ou menos meio a meio (ou seja, uma tonelada de fungos, bactérias e material orgânico para cada tonelada de rocha).”

Os primeiros testes de campo com o BioAtivo foram realizados ainda em 1993, pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e pela Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo. A primeira aplicação aconteceu em Santa Helena, no sudoeste de Goiás, aproveitando os resíduos gerados por uma fazenda de confinamento de gado.

Uma das vantagens do processo é que ele pode servir de solução para passivos ambientais gerados por usinas de açúcar e álcool, agroindústrias em geral, frigoríficos e granjas de aves e suínos. “Metade do composto é formado por lixo, material orgânico descartado no processo produtivo ou em esgotos residenciais”, afirma.

A primeira etapa do processo de produção do fosfato biológico acontece dentro das fábricas, quando o composto orgânico é lançado sobre a rocha. Este foi a segunda mudança introduzida pela IFB, já que, até então, todo o processo acontecia no campo.

A fase final da solubilização é realizada na área destinada ao plantio. “No processo químico tradicional, o solo consegue absorver entre 5% e 30% do fósforo contido nos adubos formulados. No caso do BioAtivo, 90% do fósforo é absorvido, o que permite utilizar menores volumes de rocha fosfática, poupando, mais uma vez, recursos naturais”, prossegue Barreto.

Ao final da aplicação, o BioAtivo, por ter PH neutro, não acidifica e ainda contribui para dar um maior equilíbrio ao solo, ao incorporar uma população maior de microorganismos. Pode ocorrer uma redução na necessidade de adubações futuras, como há a possibilidade de recuperar o fósforo aplicado em adubações convencionais. “Isso pode ocorrer, de fato, mas não há uma garantia.”

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