Pesquisadores lançam tecnologia e método para estudar genoma da cana

A Universidade de São Paulo (USP) desenvolveu um novo método de análise estatística e um software que deverão contribuir para o melhoramento genético da cana, bem como de seu genoma. Os resultados da pesquisa foram publicados em artigo na revista PLoS One e estimam que o melhoramento genético pode auxiliar na produtividade ou passar da média de 84 toneladas de cana por hectare para 380 toneladas/ha. Para Antonio Garcia, pesquisador do Departamento de Genética da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) e um dos autores do estudo que integra o Projeto Temático “Genomic-assisted breeding of sugarcane”, o desafio é grande porque é  muito difícil desenvolver estudos sobre a genética da cana-de-açúcar, devido a complexidade de seu genoma.

Isso porque enquanto os seres humanos e quase a totalidade dos animais são diploides, ou seja, possuem apenas duas cópias de cada cromossomo, a cana-de-açúcar pode ter até 20, por isso, o pesquisador explica que é um fator que impede o bom avanço do conhecimento genético sobre a espécie.

Para ele, a primeira alternativa é fazer a genotipagem da espécie, que faz a leitura de partes específicas do genoma em vários indivíduos de uma população. “Isso permite, por exemplo, montar o mapa genético e localizar em que região dos cromossomos estão os genes que regulam a produção de açúcar, a resistência a doenças e outras características de interesse. Só depois disso será possível pensar em usar marcadores genéticos para fazer seleção assistida, algo que já é feito no melhoramento de bovinos, por exemplo”, lembra Garcia. 

Dada a complexidade do tema, o grupo desenvolveu um método de análise com enfoque bayesiano que foi implementado num software denominado SuperMASSA. “Esse modelo permite incluir várias informações disponíveis, como o genótipo dos genitores e as segregações esperadas para o tipo de população estudada”, explica.