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Pesquisador vê falta de planos para o etanol

Já temos toda a cadeia pronta: produção, distribuição, comercialização e boa parte da frota adaptada, destaca o especialista

Pesquisador vê falta de planos para o etanol

“O Brasil vem esquecendo o etanol, um de seus pontos fortes”. Quem alerta é Pedro Luiz Côrtes, professor titular do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP, geólogo e pós-doutorado em Ciência e Tecnologias do Ambiente.

Segundo Côrtes, o governo brasileiro apresentou ao mundo compromissos renovados no Fórum Econômico Mundial, na Suíça; Marina Silva, ministra do Meio Ambiente, tratou do enfrentamento da crise climática e de proteção à biodiversidade; Fernando Haddad, ministro da Fazenda, colocou a sustentabilidade ambiental como pilar do esforço de reindustrialização. Porém “até agora, porém, não se falou sobre os planos para o etanol“, destaca o professor.

O professor considera que, uma matriz limpa, com energia solar, eólica e hidrogênio verde, precisa também incluir o biocombustível. “Já temos toda a cadeia pronta: produção, distribuição, comercialização e boa parte da frota adaptada, preparada para o uso do etanol”, lembra o pesquisador, em entrevista ao Jornal da USP.

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“O etanol em si é neutro. O CO2 que ele joga para a atmosfera, quando é queimado, é recuperado quando do plantio da próxima safra”, explica. A cadeia emite gases de efeito estufa também no transporte do etanol, feita por caminhões movidos a diesel, mas ainda assim é mais limpa que a estrutura de transporte de combustíveis fósseis. Por fim, há questões de sustentabilidade relacionadas ao próprio plantio, que podem ser resolvidas.

Segundo a análise de Côrtes, a perda de prioridade do etanol ocorreu no governo de Michel Temer (2016 a 2018). O pesquisador lembra que, além de contar com infraestrutura já pronta, o etanol, diferentemente dos derivados de petróleo, não se abala com a situação geopolítica global e fatores como a guerra na Ucrânia.