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Pesquisa mira aumento da produtividade da cana-de-açúcar

Com ou sem celulose, o primeiro passo para aumentar a produção brasileira de etanol é aumentar a produtividade da cana-de-açúcar no campo. A equação é simples: quanto mais cana, mais açúcar, mais celulose, mais energia.

O desafio lançado aos cientistas é fazer isso sem precisar aumentar demais a área plantada, evitando conflitos com a produção de alimentos e a preservação ambiental. Além do melhoramento genético tradicional, alguns laboratórios estão investindo no desenvolvimento de canas transgênicas.

Também em Campinas, não muito longe de onde vai ser construído o Centro de Ciência e Tecnologia do Bioetanol, a empresa de biotecnologia Alellyx trabalha com dois tipos de cana geneticamente modificada: uma com alto teor de sacarose (açúcar) e outra, mais resistente a condições de seca. Quinze experimentos de campo estão em andamento, autorizados pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio).

Um terceiro projeto busca uma solução inusitada para o problema da celulose. Os cientistas querem inserir no DNA da cana genes codificadores de celulases – as tais enzimas que degradam a celulose – de modo que a planta possa ser convertida em etanol mais facilmente.

O biólogo Fernando Reinach, co-fundador da Alellyx e diretor da Votorantim Novos Negócios, que financia a empresa, vê com bons olhos a criação do CTBE em Campinas. Mas considera o esforço brasileiro “minúsculo” frente ao de outros países.

“Toda vez que o Brasil entrou numa corrida, entrou quando todo mundo estava na frente. Agora nós é que somos líderes e precisamos nos organizar para continuar na frente”, diz. “O que está acontecendo é que estamos perdendo. Na tecnologia do futuro, já ficamos para trás.”

Doenças

Na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), cientistas estão desenvolvendo canas transgênicas resistentes à seca e a três tipos de pragas: vermes nematóides, broca da cana e broca gigante. A meta é tornar a lavoura mais produtiva, reduzir o uso de pesticidas e permitir a ocupação de terras menos férteis – beneficiando, por tabela, a produção de etanol.

Mesmo sem transgenia, só com o melhoramento tradicional de variedades, já seria possível aumentar a produtividade agrícola da cana em 30%, segundo o geneticista e secretário-executivo da Embrapa, José Geraldo Eugênio de França.

Ele também considera crucial que o País invista no etanol de celulose. “Não podemos ficar fora desse vagão”, disse. “O Brasil não pode abdicar de investir nessa tecnologia, mesmo que com recursos menores.”

O Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), em Piracicaba, também tem projetos com canas transgênicas, autorizados pela CTNBio.

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