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Pesquisa melhora a cana-de-açúcar

Setenta por cento de toda cana-de-açúcar plantada no Brasil tiveram origem em sementes produzidas por uma rede formada por dez universidades federais e chefiada, atualmente, pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). A Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor sucroalcooleiro (Ridesa), criada em 1991, é referência em melhoramento genético para produção de açúcar e etanol. Há duas semanas, lançou 13 novas variedades de sementes, mais produtivas, adaptadas às condições climáticas dos vários centros produtores brasileiros (Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste) e resistentes a pragas específicas. Quando chegam no campo, ajudam na redução de perdas e na diminuição dos custos das usinas.

Além da UFRPE, compõem a Ridesa a Universidade Federal do Paraná (UFPR), a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSCar), Universidade Federal de Viçosa (UFV), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal de Sergipe (UFS), Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Universidade Federal do Piauí (UFPI), Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) e Universidade Federal de Goiás (UFG). Nos laboratórios dessas instituições, técnicos analisam as propriedades de sementes locais e, muita vezes, internacionais (vindas da Índia e Austrália) para realizar cruzamentos que resultarão em novos tipos, dotados dos pontos positivos de cada uma de suas matrizes.

A Ufal mantém um grande banco de informações genéticas, na cidade de Murici, com 2.600 tipos de genótipos (conjunto de cromossomos que portam os dados das características específicas que cada ser vivo possui). Depois de desenvolvidas, as sementes viram mudas. Essas são testadas no campo, em parceria com os produtores, que destinam uma parte de seus terrenos para receber as plantas com DNA Ridesa. Por ano, são produzidas 1,5 milhão de mudas. Todas recebem como nome “República do Brasil” – através da sigla RB – acompanhado de uma sequência de números. Muitas até ganharam o mercado externo. Na América Central há, inclusive, pedidos de cooperação técnica.

“As usinas fornecem a mão-de-obra necessária para o cultivo das plantas. Safra a safra nós promovemos uma análise e, quando ocorre um padrão, lançamos a variedade”, explica o presidente da Rede e reitor da UFRPE, Walmar Corrêa de Andrade. Após desenvolvidas, as sementes são fornecidas gratuitamente aos produtores. A Ridesa ainda disponibiliza, sem custos, serviços de acompanhamento técnico no campo, durante o cultivo. Essa integração no setor sucroalcooleiro entre pesquisa acadêmica e cadeia produtiva derruba a corrente crítica que aponta as universidades como distanciadas da sociedade civil e da economia real.

“Através da Ridesa temos acesso a variedades que se adaptam aos ambientes mais rústicos de produção. O que é bastante apropriado para o Nordeste, onde enfrentamos problemas climáticos e de escassez de água. É o conhecimento sendo trocado e difundido a partir de uma rede consolidada”, comenta o presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco (Sindaçúcar), Renato Cunha.

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