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Perspectivas favoráveis para o setor

Brasil deverá ser um dos principais beneficiados com o fim dos subsídios na União Européia. Na dianteira do mercado internacional, o Brasil vem cada vez mais firmando sua posição hegemônica como o maior produtor e exportador de açúcar no mundo. Com o fim dos subsídios concedidos pela União Européia a seus agricultores, em abril deste ano, aumentam ainda mais as perspectivas de o País ampliar as exportações da commodity agrícola.

Em volume, o açúcar brasileiro no comércio internacional supera a soma dos embarques de países dos continentes, como Europa e África, juntos, e Ásia e Oceania. De acordo com previsão do relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda), divulgado no fim de maio de 2005, as exportações de açúcar do Brasil devem chegar, na safra 2005/06, a 18,8 milhões de toneladas, cerca de 41% do movimento global.

Em 2004, o total exportado foi de 15,76 milhões de toneladas, 22,07% acima do de 2003, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). A receita teve ligeiro aumento, de US$ 2,14 bilhões para US$ 2,64 bilhões.

No Centro-Sul, principal região produtora do País, a expansão dos embarques foi de 11,789 milhões de toneladas, na safra 2003/04, para 14,295 milhões na safra seguinte. A expectativa é de aumentar para 14,7 milhões na safra 2005/2006, segundo dados da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica).O açúcar bruto é o mais exportado, com 9,56 milhões de toneladas embarcadas em 2004, o equivalente a US$ 1,511 bilhão. Com menor participação, o açúcar refinado registrou, no ano passado, remessas de 6,19 milhões de toneladas e US$ 1,12 bilhão em receita. Os principais mercados compradores são Rússia, Emirados Árabes, Nigéria, Canadá e Senegal.

Principal fornecedor

As exportações mundiais de açúcar estão estimadas em 46,041 milhões de toneladas, 328 mil toneladas a mais do que o volume registrado na safra anterior. Os estoques, por sua vez, estão em queda e reprimindo o mercado internacional. Foram estimadas pelo Usda reservas de 35,7 milhões de toneladas na safra 2004/05, queda de 4,884 milhões de toneladas em relação à safra 2003/04.

Além do Brasil, os maiores exportadores de açúcar são Austrália, Tailândia, Guatemala, Colômbia e África do Sul, e União Européia. O Brasil, porém, é de longe o principal fornecedor de açúcar do mundo, com 18,8 milhões de toneladas previstas para a temporada 2005/06. Em seguida estão os países da União Européia e a Austrália, cujos embarques estão entre 4 milhões de toneladas e 5,5 milhões, de acordo com dados do Usda.

Perspectivas

A solução do embate travado há anos no comércio internacional do açúcar amplia as perspectivas de exportação do produto, especialmente as dos países em desenvolvimento. Ao determinar que a União Européia concedia subsídios aos seus produtores, a Organização Mundial do Comércio (OMC) elimina, na prática, uma barreira comercial. Com a medida, executivos do setor acreditam que o Brasil possa responder por 3 milhões de toneladas de açúcar, de um total de 3,8 milhões com a abertura do mercado, o que equivale a US$ 1,2 bilhão.

Desde a década de 70, o Brasil vem reclamando do comércio de açúcar altamente subsidiado pelos europeus. O argumento destaca que os subsídios concedidos pelos membros da União Européia aos seus agricultores, em patamares superiores aos permitidos pelas normas do comércio mundial, provocam queda nos preços internacionais do açúcar.

Um dos impactos da decisão da OMC, tomada em abril de 2005, foi registrado no mesmo dia, quando as ações das empresas européias do setor sucroalcooleiro caíram nas bolsas de valores no mundo. A alemã Südzucker teve queda de 2,8% em suas ações, en-quanto as britânicas British Foods e Tate & Lyle e a espanhola Ebro Puleva apresentaram desempenho negativo de 5%. Somente para a companhia Tate & Lyle, os subsídios, em 2004, renderam US$ 239,13 milhões.

A recusa da OMC em relação ao recurso utilizado pela União Européia, na segunda etapa do processo, pode também fortalecer as economias emergentes nas negociações para a liberalização dos mercados agrícolas que ocorrem na OMC. O Brasil já havia contabilizado outra vitória em março de 2005, quando foram condenados os subsídios dos Estados Unidos aos seus produtores de algodão.

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